Em 1891, Robert Louis Stevenson recebeu uma carta de uma garotinha de Vermont chamada Annie Ide. Em sua cartinha, Annie dizia que fazia aniversário no Natal e, por isso mesmo, raramente recebia presentes de aniversário. O autor de A Ilha do Tesouro respondeu com um verdadeiro decreto:
Eu, Robert Louis Stevenson,
considerando que Miss Annie H. Ide, nascida, sem qualquer razão, no dia de Natal; que portanto injustamente a ela foi negado o consolo e o bem de um aniversário apropriado; que eu, o dito Robert Louis Stevenson, alcancei uma idade na qual nunca se menciona [o aniversário], e que eu não tenho agora nenhum uso para minha data de nascimento em nenhuma descrição.
Eu TRANSFIRO A PARTIR DE AGORA, para a supracitada Annie H. Hide INTEIRAMENTE TODOS os meus direitos e privilégios sobre o dia treze de Novembro, antes minha data de nascimento, a qual aqui, a partir de agora, é a data de nascimento da dita Annie H. Ide para que ela mantenha, exerça e aproveite o mesmo na maneira de costume, a saber, a prática do bem-vestir, o comer de ricas refeições, e o receber presentes, cumprimentos, cópias de versos, de acordo com a maneira de nossos ancestrais.
Como condições, Stevenson apenas exigiu que ela adicionasse Louisa ao nome dela, "pelo menos privativamente" e que ela usasse o aniversário "com moderação e humanidade". Ele explicou que, se ela faltasse com qualquer dessas condições, o aniversário seria doado ao Presidente dos Estados Unidos. Até onde se sabe, ela não falhou.
No entanto, a menina Annie certamente já morreu; Stevenson também. E o status da doação do aniversário, como fica? O presidente dos Estados Unidos poderia reclamar a data, mas ele não precisa disso. Tampouco os herdeiros de Stevenson. Uma saída útil seria colocá-la em domínio público e, assim, resolver os problemas (e os traumas) de quem nasce em datas ingratas — como o 25 de dezembro ou o 29 de fevereiro.
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