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sexta-feira, 30 de setembro de 2011

Elizabeth II, a arbórea

O Treetops em 2006: o hotel original foi incendiado durante a Revolta Mau-Mau em 1954

Quando há uma sucessão real, costuma-se dizer que o novo rei ou rainha “sobe ao trono”. Mas no caso da Rainha Elizabeth II, seria melhor dizer que ela “desceu ao trono”. Quando o rei George VI (o Ga-ga-ga-ga-go) faleceu em 6 de fevereiro de 1952, a princesa-herdeira estava passando umas férias no Treetops Hotel, no Quênia, então colônia britânica. Basicamente, o Treetops era uma enorme casa-da-árvore construída em uma figueira no Parque Nacional de Aberdere. Ela estava lá quando recebeu a notícia de sua ascenção ao trono, tornando-se imediatamente a soberana britânica. 

Enquanto Elizabeth voltava in a hurry para o Reino Unido, o caçador Jim Corbett escreveu a seguinte observação no livro de visitas do arbóreo (e momentaneamente real) hotel: “Pela primeira vez na história do mundo, uma jovem moça subiu em uma árvore um dia como Princesa e após passar pelo que descreveu como a experiência mais excitante de sua vida, ela desceu da árvore no dia seguinte como Rainha — God bless her.” Talvez não fosse preciso ter tanta pressa, já que a coroação só foi realizada mais de um ano depois, em 2 de junho de 1953.

Considerando-se que Elizabeth II já havia se casado em 1947 com um príncipe sem-graça (e primo em segundo grau), Phillip Schleswig-Holstein Soenderburg-Glucksburg da Grécia e Dinamarca, e que já dera à luz como herdeiro Charles — um príncipe que viria a ser ainda mais bundão e sem-graça — e que seu Império “de sol a sol” se evaporou, a visita à casa da árvore em plena África deve ser a experiência mais excitante na vida de Sua Octogenária Majestade até hoje.

quinta-feira, 29 de setembro de 2011

Conforme a música

A música tem sido usada com sucesso para aumentar a produtividade industrial em quase tudo, da montagem de rádios à enrolação de cigarros e fogos de artifício. De fato, estima-se que a produtividade cresce em até 17%. Não há receita exata para qual melodia deve ser usada para acelerar as tarefas, mas geralmente são aquelas com tons definidos, como canções patrióticas, marchas, foxtrotes e polcas, são mais efetivas. [...] Mas talvez a mais imprevisível reação ocorreu quando uma fábrica, em uma febre de eficiência, tocou “Deep in the heart of Texas”, uma canção com um balanço bem próprio. Tudo correu bem na linha de montagem, até a entrada do refrão. O que se seguiu foi um pandemônio. Os trabalhadores estavam tão cheios do espírito da música que, no ponto em que o refrão pede por aplausos, eles automaticamente largaram suas ferramentas para aplaudir. — Women’s Day, novembro de 1963

quarta-feira, 28 de setembro de 2011

Terror em Wall Street

Wall Street com Broad St., circa 1914. (foto da Biblioteca do Congresso Americano)
Uma bomba explode em plena Wall Street. Parece um cenário de um possível ataque terrorista nestes tempos de crise gerada pela especulação financeira, mas isso já aconteceu. Em 16 de setembro de 1920 — setembro não parece ser um mês de muita sorte para NY — uma caroça que carregava uma grande bomba foi colocada no cruzamento da Wall Street com a Broad St. A detonação matou 39 pessoas e feriu gravemente outras dezenas.

Naquela época, o principal edifício da esquina era bastante conhecido na cidade — ali era a sede do poderoso banco J.P. Morgan. Com base nas circunstâncias, a polícia considerou o ato como um ataque terrorista e uma tentativa de assassinato contra o próprio J. P. Morgan.

Embora algumas evidências tenham sido encontradas, o caso nunca foi resolvido e foi arquivado após 20 anos de investigações. Hoje acredita-se que o ataque foi executado por anarquistas italianos — possivelmente por um tal de Mario Buda, que teria ligações com Sacco e Vanzetti, os mais famosos anarquistas ítalo-americanos. Até 11 de setembro de 2001, o bombardeio de Wall Street era o ataque terrorista em Nova York com o maior número de vítimas fatais.


Ainda hoje, o velho edifício Morgan (à esq.) não foi reparado. As crateras e buracos deixados pelos estilhaços da bomba ainda estão lá (à dir.), para que ninguém esqueça de uma explosão ocorrida há quase um século.

terça-feira, 27 de setembro de 2011

Em uma palavra [72]

introvável
adj. impossível de se encontrar; usado especialmente para se referir a livros. [derivado do italiano trovare, encontrar, achar, localizar].

segunda-feira, 26 de setembro de 2011

Língua presa

O antropólogo Daniel Suslak, da Indiana University, está compilando um dicionário de Ayapaneco, uma das 68 línguas indígenas do México. Isso não seria incomum, não fossem dois grandes problemas que Suslak encontrou em seu trabalho: 1) há apenas duas pessoas ainda falam Ayapaneco e 2) essas pessoas não se falam entre si.

Os últimos ayapanecófonos são Manuel Segovia, de 75 anos e Isidro Velazquez, 69. Os dois vivem no Estado de Tabasco — e a apenas 500 metros de distância. Infelizmente, como contou Suslak ao Guardian em abril, “eles não têm muito em comum.” Segovia é “um pouco espinhoso” enquanto Velazquez é “mais estóico” e raramente sai de casa.

Sem a cooperação dos dois velhinhos ranzinzas, a língua Ayapaneco (que era chamada por seus falantes de Nuumte Oote, “voz de verdade”) pode morrer com eles. “Quando eu era um garoto”, reconhece Segovia, “todo mundo a falava. Pouco a pouco ela foi desaparecendo e agora eu suponho que pode morrer junto comigo.” Velazquez, seis anos mais jovem, talvez discorde.

domingo, 25 de setembro de 2011

O avô das séries americanas



O que têm em comum Arthur M. Winsfield, Franklin W. Dixon, Carolyn Keene, Laura Lee Hope e Victor Appleton? Todos esses autores são criações de Edward Stratemeyer (1862-1930), um escritor de Newark, Nova Jersey que escreveu (ou teria escrito) cerca de 1.300 títulos. Entre suas principais obras, estão as séries The Hardy Boys, Nancy Drew Mystery Stories, The Bobbsey Twins, Tom Swift e Bomba, the Jungle Boy, considerados clássicos da literatura infanto-juvenil norte-americana. 

Essa literatura infanto-juvenil se tornou bem-sucedida por priorizar o entretenimento em lugar da moralização — além, é claro, da forma como foi produzida. Por sua influência, Stratemeyer pode ser considerado o avô da cultura de séries que caracteriza a TV dos Estados Unidos.

sábado, 24 de setembro de 2011

Patentes patéticas (nº. 26)


“Unicórnios não existem, então vou inventá-los, patenteá-los e ganhar arco-íris de dinheiro! Mwahahahaha!” Deve ter sido essa a ideia que passou pela cabeça de Timothy G. Zell no começo dos anos 1980, quando ele criou um “procedimento cirúrgico” para fazer unicórnios a partir de vacas, antílopes, carneiros ou bodes através do transplante dos botões dos chifres.

No pedido de patente — registrada em 14 de julho de 1982 e emitida em 7 de fevereiro de 1984, sob nº. 4.429.685 — Mr. Zell reconhece que está apenas aperfeiçoando os trabalhos de W. Franklin Dove, um biólogo da Universidade do Maine. Aparentemente, o Dr. Dove dedicou-se durante a década de 1930 a basicamente o mesmo objetivo. Em 1936, o biólogo publicou um artigo na Scientific Monthly com o maravilhoso título de “Artificial Production of the Fabulous Unicorn” [“Produção Artificial do Fabuloso Unicórnio”]¹. Ui!

sexta-feira, 23 de setembro de 2011

Dividir para conquistar (ou não...)


Em 1980, William J. O'Donnell, professor de matemática em uma escola do Colorado, estava explicando que

quando um estudante levantou a mão e disse que havia notado que

“Minha reação imediata”, escreveu O'Donnell em uma carta à revista especializada Mathematics Teacher [Professor de Matemática], “foi responder que esse estudante havia caído em um caso especial, onde esse algoritmo funcionava. No entanto, mais tarde, um trabalho de questão de minutos revelou que essa técnica funciona para todas as frações, desde que a, b, c e d sejam inteiros. Assim:

“Embora esse método possa ser convenientemente aplicado em qualquer ocasião, ele não oferece muitas vantagens ao estudante quando a não é divisível por c e b não é divisível por d.”

quinta-feira, 22 de setembro de 2011

O Quinto Gigante

Imagem: weareallstarstuff.tumblr.com
Um novo estudo recém-publicado na seção de astrofísica do arXiv.org indica, com base em simulações virtuais, que Jupiter, Saturno, Urano e Netuno podem não ter sido os únicos gigantes gasosos de nosso sistema solar. De acordo com David Nesvorny, do Colorado’s Southwest Research Institute, nosso atual sistema planetário nunca poderia ter se formado sem a existência de um quinto planeta. Até o momento, esse planeta primitivo e hipotético ainda não tem nome.

Como tomar banho, em oito lições (1931)

Não é de hoje que acidentes no banheiro são comuns. Também não é de hoje que se tenta preveni-los com algumas regras para a hora do banho:
Oito regras para tomar banhos

Para ajudar a diminuir o crescente número de acidentes no banheiro, a New Health Society of England apresentou recentemente oito regras.
A primeira regra é sempre manter a janela um pouco aberta para prevenir o envenenamento através de um aquecedor com defeito. A segunda e a terceira regras são nunca tomar um banho quente após uma refeição pesada nem um banho frio se você tem coração fraco. A quarta é ter todos os aquecedores equipados com dispositivos de segurança, para que os tubos cheios de vapor não explodam. As outras regras lidam com as instalações elétricas no banheiro, sendo consenso que choques elétricos são tão comuns quanto fatais quando a pele está molhada ou quando o banhista está numa banheira de metal eletricamente ligada ao solo pelos encanamentos de água. — Modern Mechanix, Maio de 1931

Atentem para um potencial conflito entre as regras 2 e 3 — se você tem coração fraco (e não pode tomar banho frio) e acabou de tomar uma refeição pesada (e não pode tomar banho quente), você não precisa tomar banho de maneira nenhuma porque não lhe sobra nenhuma escolha. Boa desculpa, hein!

quarta-feira, 21 de setembro de 2011

MP3 pra K7

Você tem o mais recente iPod, mas o seu carro (ou o do seu avô) ainda ostenta aquele belo toca-fitas de 1900 e lá vai fumaça, onde é impossível ouvir suas músicas digitais? Seus problemas acabaram!

Basta colocar o Car Audio Cassette Adaptor, esse engenhoso adaptador em forma de cassete no seu toca-fitas e plugar o cabo de áudio de 3,5mm que sai da pseudo-fita no seu gadget favorito. Pode ser um iPod, um media player ou até mesmo um maravilhoso disc-man

O preço é uma pechincha: US$ 8,99 na cyberguys (sem frete, é claro).

terça-feira, 20 de setembro de 2011

Em uma palavra [71]

catoptrofobia
s.f. Psicol. aversão mórbida aos espelhos. “Sua catoptrofobia era tão grave que o levava a evitar dirigir para não ter que olhar pelo retrovisor”. catoptrofóbico ou catoptrófobo, adj, que ou aquele que sofre dessa fobia. [do grego kátoptron = espelho, vidro refletor + phobós = medo]

segunda-feira, 19 de setembro de 2011

Contra a parede

Isso é o que se pode chamar de uma trollagem romântica:
Uma lady, que ficou lisonjeada após ter seu nome usado para a denominação de uma rosa, mudou de ideia ao ver a descrição da rosa em um catálogo botânico. Contra seu nome, dizia-se: “tímida em uma cama, mas bastante vigorosa contra uma parede.” — Leslie Dunkling, The Guiness Book of Names, 1993

domingo, 18 de setembro de 2011

Pérolas Fundamentalistas IV: ‘Se a Terra fosse um globo...’


Excertos de One Hundred Proofs that the Earth is not a Globe [Uma centena de provas de que a Terra não é um globo], um panfleto em defesa da Terra Plana escrito e distribuído por William Carpenter (1830-1896) em 1885:

Se a Terra fosse um globo, então um pequeno modelo do globo seria a melhor coisa — por ser a mais verdadeira — para o navegador que se orienta no mar. Mas não se conhece tal coisa. Com tal brinquedo como guia, o marinheiro bateria seu navio e, com toda a certeza!, esta é uma prova de que a Terra não é um globo. 

Navegadores (e mesmo aeronautas!) usam projeções planas em lugar de globos terrestres por dois motivos. (1) é geometricamente simples: é muito mais fácil traçar e manter uma linha reta que permite a menor distância em um mapa plano do que em um globo; (2) Carpenter está parcialmente correto: um globo terrestre pode ser um brinquedinho tão divertido que pode distrair os mais bravos navegadores!

sábado, 17 de setembro de 2011

Patentes Patéticas (nº. 25)


Não há nada tão desagradável no serviço postal quanto selar e fechar as cartas. Isso é ainda mais desagradável quando se usa a língua para umedecer a cola que vem nos selos e nos envelopes. Mas graças a David B. Poynter, de Cincinnati, Ohio, você não precisa mais ficar lambendo sua correspondência. 

No começo da década de 1980, Poynter deve ter tido uma grande ideia na fila do correio e resolveu patenteá-la na forma de um “Aparelho para umedecimento do revestimento adesivo de selos e envelopes postais”. A patente, de nº. 4.300.473 foi emitida em 17 de novembro de 1981. O resumo no início da patente fornece uma boa descrição: 

sexta-feira, 16 de setembro de 2011

Quando uma ilha não é uma ilha?

Você já deu uma olhada por baixo de uma ilha? E que tal visitar a casa de máquinas de uma ilha?

Por fora, a Ilha Forbes pode parecer como qualquer outra: tem areia, algumas pedras, um farol, umas palmeiras, um restaurante e um bar. Entretanto, o fundo da Ilha Forbes tem a aparência suspeitamente plana de uma barcaça. O que nos leva à pergunta: quando uma ilha não é uma ilha?

Quando é feita pelo homem, evidentemente. Em 1980, a Ilha Forbes, uma barcaça modificada para se parecer com uma ilha foi lançada na Baía de São Francisco, perto do píer dos leões-marinhos. Formada por 280 toneladas de concreto, 120t de rochas e 90t de areia, Forbes é uma massiva criação humana.

Embora esteja equipada com um motor da Segunda Guerra usado em barcaças igualmente grandes, a ilha moveu-se muito pouco desde então. Mesmo parada, tornou-se uma atração turística: pouco depois de sua criação, apareceu até no Lifestyles of the Rich and Famous.

Apesar de sua natureza artificial, a Ilha Forbes acabou se tornando um pequeno ecossistema. Uma de suas atrações é a sua fauna. Ali, é possível jantar no restaurante ao som de vozes dos leões marinhos ou tomar um coquetel debaixo das palmeiras que foram escolhidas como lar pelos melros. Além disso, os visitantes podem admirar vistas fantásticas da Baía de São Francisco, da cidade e da famosa prisão de Alcatraz — ou apenas se maravilhar com o contraste entre a vida e uma maravilha do engenho humano.

quinta-feira, 15 de setembro de 2011

Um Paradoxo Linear

Quase sempre, os paradoxos são paradoxais exatamente por apresentar uma certa circularidade auto-referencial (cf. o famoso Dilema de Tostines). O quase é porque o conjunto das sentenças abaixo forma o que seu descobridor, Stephen Yablo, chama de paradoxo linear (e não apenas graficamente):

Todas as sentenças abaixo dessa são falsas.
Todas as sentenças abaixo dessa são falsas.
Todas as sentenças abaixo dessa são falsas.
Todas as sentenças abaixo dessa são falsas.
Todas as sentenças abaixo dessa são falsas.
Todas as sentenças abaixo dessa são falsas.
Todas as sentenças abaixo dessa são falsas.
Todas as sentenças abaixo dessa são falsas.
Todas as sentenças abaixo dessa são falsas.

...ad infinitum...

Apresentado por Yablo em 1993, esse arranjo consegue ser paradoxal sem ser circular, isto é, sem conter auto-referência. As sentenças não podem ser todas falsas, pois isso tornaria verdadeira a primeira delas, causando uma contradição. Por outro lado, nenhuma delas pode ser verdadeira, pois uma única afirmativa verdadeira teria que ser seguida por uma infinidade de sentenças falsas, e a falsidade de qualquer uma delas implica a verdade daquela que seguem.

Em outras palavras, suponha que em algum lugar dessa sequência infinita de “Todas as sentenças abaixo dessa são falsas.” haja uma enésima sentença que seja verdadeira. Disso decorrem duas coisas:

  • (a) a enésima-primeira sentença é falsa e 
  • (b) qualquer sentença que esteja além da enésima-primeira é falsa também. 

Só que, segundo (b), o que a enésima-primeira sentença diz —  que todas as sentenças que estão abaixo dela são falsas — é verdadeiro e, portanto, ao contrário do que se conclui por (a), a enésima-primeira sentença é verdadeira. Portanto, qualquer sentença dada na sequência é falsa. Mas as sentenças subsequentes a qualquer sentença dada são todas falsas, o que valida a verdade da sentença dada como verdadeira.

quarta-feira, 14 de setembro de 2011

De pseudovocábulo a neologismo


Esse mundo está tão cheio de perfis fakes que eles chegaram até os dicionários. Não, fake ainda não entrou para o Aurélio ou o Houaiss. Em 2001, os editores do New Oxford American Dictionary (NOAD) inseriram uma palavra fake como armadilha para descobrir se outros lexicógrafos estavam usando seu material de forma imprópria.

Ironicamente, a palavra que inventaram foi esquivalience — ou esquivaliência — definida como “o insistente ato de evitar responsabilidades oficiais; a fuga do dever.” Parece clara a correlação com o nosso esquivar-se.

Sem surpresa, a palavra não tardou a aparecer no Dictionary.com (para depois ser deletada), que citava como fonte o Webster’s New Millenium Dictionary. O recém-finado Google Dictionary apresentava esquivalience com três definições e exemplos, mas corretamente indicava o NOAD como fonte.

Entretanto, quando é que uma palavra falsa se torna verdadeira? Quando uma palavra inventada passa a ser usada, ela cai em domínio público? Aparentemente, a resposta para a última pergunta é sim.

Christine Lindberg, a editora do NOAD que inventou essa armadilha lexicográfica, disse ao Chicago Tribune que ela própria se pega usando o neologismo regularmente. “Eu gosto especialmente do tom crítico, de julgamento que eu posso expressar: ‘Aqueles miseráveis esquivalientes’. Parece indecente e literário de uma só vez. Eu gosto disso.”

terça-feira, 13 de setembro de 2011

Em uma palavra [70]

latrinologia
s.f. neolog. o estudo das inscrições encontradas em banheiros (latrinália). [derivado de latrina; originalmente cunhado como latrinology pelo Professor Alan Dundes, da Universidade de Berkeley]

segunda-feira, 12 de setembro de 2011

Radical Chic

Se você se acha o fodão só porque sabe fazer alguns truques com a sua bicicleta, lembre-se que esse esporte radical foi inventado no tempo do seu bisavô (ou tri, dependendo da tua idade). Se você não acredita, o tio Edison registrou alguns dos primeiros truques ciclísticos com seu kinetoscópio na virada do século XIX para XX — uma época em que tanto cinema quanto bicicletas eram o máximo da tecnologia em termos de entretenimento. 

Os truques em si são um tanto toscos, mas é bom lembrar que aqueles ciclistas foram os pioneiros na arte de manobrar as magrelas. Ninguém sabia ainda muito bem o que fazer ou como fazer — afinal não havia nem rampas nem algo que se assemelhasse ao YouTube, onde é possível aprender alguns truques com gente que se dispõe a ensiná-los.

Destaque para o cavalheiro mané que tenta passar por um looping nos 30 segundos finais. O resultado é cômico e parece coisa de comédia pastelão, mas deve ter sido um tanto sério. É uma pena que, apesar do zumbido típico de um velho projetor, não haja nenhuma trilha sonora engraçadinha.




_________________________________________
[vi no bookofjoe, que viu no excelente Open Culture]

sábado, 10 de setembro de 2011

Patentes Patéticas (nº. 24)



Em 25 de fevereiro de 1920, Gaitley Guise, de Riley, Indiana, entrou com pedido de patente para um “escudo de língua” feito de borracha para prevenir “o desgosto que acompanha a ingestão de remédios.” A patente, de número 1.365.684, saiu quase um ano depois, em 18 de janeiro de 1921.

Quando se usa a camisinha lingual, o “medicamento irá fluir sobre o escudo e passar para a garganta sem afetar o sentido do paladar, de modo que todo o desgosto de tomar o medicamento é evitado.”

Talvez também fosse útil em outras ocasiões... como comer brócolis, por exemplo. Ou usos menos sérios, como mudar a cor da língua. E em uso conjunto com esse outro escudo bucal, evitaria definitivamente qualquer risco de contágio de herpes. 

sexta-feira, 9 de setembro de 2011

Clube da Modéstia

O Clube da Modéstia é realmente modesto: 2 membros.

Em 1880, Mark Twain convidou William Dean Howells (1837-1920) para participar de um clube que acabara de fundar. Um clube no qual a “primeira & mais importante qualificação para ser filiado é a modéstia.”

“Até o momento, eu sou o único membro.” — explicou Twain em seu convite — “E como a modéstia requerida deve ser de um tipo deveras sério, o empreendimento pareceu por um tempo fadado a permanecer inoperante comigo, por falta de material adicional. Mas após refletir, eu cheguei à conclusão de que você é elegível.”

A resposta de Howells: “A única razão que me levou a não me filiar ao Modest Club é que eu sou modesto demais: ou seja, eu temo não ser modesto o bastante. [...] Se você pensa que eu não sou modesto demais, pode subscrever meu nome e eu tentarei pensar o mesmo de você.”

quarta-feira, 7 de setembro de 2011

Jesus Multinacional

Recentemente em um congresso teológico em Roma, estudiosos bíblicos de várias nacionalidades e etnias apresentaram TRÊS PROVAS DE QUE JESUS...
...ERA MEXICANO
1. Seu primeiro nome era Jesus;
2. Ele era bilíngue;
3. Ele sempre estava sendo perseguido pelas autoridades.
...ERA NEGRO
1. Ele chamava todo mundo de “mano”;
2. Ele curtia música gospel;
3. Ele não conseguiu um julgamento justo.
...ERA JUDEU
1. Ele seguiu a mesma carreira do pai;
2. Viveu em casa até os 33 anos;
3. Ele tinha certeza de que sua mãe era uma virgem, e ela estava certa de que ele era um Deus.
...ERA ITALIANO
1. Ele falava com as mãos;
2. Ele vivia tomando vinho;
3. Ele só comia massas e peixes e temperava tudo com azeite de oliva.
...ERA IRLANDÊS
1. Ele era barbudo;
2. Ele nunca se casou;
3. Ele vivia contando histórias...
...ERA CALIFORNIANO
1. Ele nunca cortou o cabelo;
2. Vivia andando descalço por aí;
3. Ele inventou uma nova religião;
...ERA ARGENTINO
1. Ele era cabeludo;
2. Se considerava um deus;
3. Só era legal com seus puxa-sacos.
...ERA BRASILEIRO
1. Ele nasceu num curral e depois mudou-se com a família pra cidade grande;
2. Vivia cercado de pobres e putas (mas detestava os camelôs);
3. Sempre negou-se a trabalhar e a pagar impostos.

terça-feira, 6 de setembro de 2011

TITS OR GTFO!

Boobies, gentlemen, boobies!

Em uma palavra [69]

Tirem as crianças da sala! Tendo em vista a data de hoje, 6/9, o número especial a que essa série chegou e a coincidência entre ambos, eis algumas palavrinhas, digamos, calientes (ou não):

alorgasmia
s.f., neolog. a necessidade de imaginar um parceiro mais atraente durante o ato sexual, especialmente durante o orgasmo. Alorgásmico, adj. [de alo-, prefixo que indica alteridade ou diferença, + orgasmo + -ia]
discaliginia
s.f. ato ou efeito de não sentir atração por mulheres bonitas. Discaligínico (ou discalígino), adj. [formado por dis-, prefixo de negação; + cali, belo em grego; + giné, mulher em grego]
imparlibidinidade
s.f. estado no qual o desejo de duas pessoas se desencontra; desentendimento sexual. Imparlibidinoso, adj. [formado a partir do latim impar, sem par, desequilibrado e do adjetivo libidinoso]

segunda-feira, 5 de setembro de 2011

A-π-calipse

Ao longo do século XIX, vários autores anunciaram, cheios de confiança, que haviam encontrado um valor certo e exato de piiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiii pi. Infelizmente, houve bastante divergência, pois cada um deu a sua resposta. Buscando resolver de uma vez por todas o problema de π, DUDLEY (1977), matemático da DePauw University, resolveu procurar um consenso através da análise de uma seleção de 50 valores de π ordenados pelo ano do anúncio:
É mais ou menos por aí: 3,04862 < π < 3,200000

Surpreendentemente, Underwood Dudley descobriu uma tendência preocupante: o valor de π está diminuindo. Para encontrar o valor de pi para cada ano, Dudley usou a fórmula πt = 4,59183 – 0,000773t, onde t é o ano do cálculo do valor exato de pi. Fazendo as continhas, verifica-se que 1876 foi o ano com o pico do pi, co’ pi mais exato: 3,145926535. Desde então — admitindo-se um ritmo constante, é claro — o valor de π vem declinando. 

Para ser bem claro, isso pode ter consequências estrogonoficamente catastróficas:
Quando πt for igual a 1, [alerta Dudley] a circunferência de um círculo será igual ao seu diâmetro. Assim, todos os círculos vão entrar em colapso. O mesmo ocorrerá com as esferas (uma vez que elas têm secções circulares), entre elas a Terra e o Sol. Será, de fato, o fim do mundo, que vai acontecer em 9 de agosto de 4646, exatos 3 minutos em 27 segundos antes das 9 da manhã.

Entretanto, há uma boa notícia (pelo menos para os seus netos): “Será particularmente fácil calcular circunferências de círculos em 2059, quando πt= 3”. A cotação de π para 2011 é π 2011= 3,032737.


_____________________________________________
Bibliografia
  • DUDLEY, Underwood. “πt”, artigo publicado em Journal of Recreational Mathematics 9:3, março de 1977, p. 178 

domingo, 4 de setembro de 2011

A Torre de Eben-Ezer


Apesar de seu nome bíblico, a Torre de Eben-Ezer é um pequeno castelo construído no isolado vale Jaker, na Bélgica durante os anos 1960. Trata-se da obra de um homem só, Robert Garcet, que era fascinado pela Bíblia e por numerologia e civilizações antigas. 

sábado, 3 de setembro de 2011

Patentes Patéticas (nº. 23)



Cansados de ter que fazer os trotes nos bixos todo começo de ano, os vóteranos senhores veteranos Edmund e Ulysses de Moulin resolveram automatizar o processo em 1900.

No “aparelho de iniciação” (fig. 1) inventado por eles, o novato é vendado, posicionado e recebe a ordem instrução de puxar as alças para testar sua força. Só que, ao fazer isso, o verme recém-chegado é atingido nas nádegas por um remo. Como bônus, um choque elétrico pode ser aplicado nos braços do bixo ao mesmo tempo em que ele puxa e apanha, “tornando essa sensação algo único”.

É possível trotar um bixo de cada vez ou — se você for um veterano que tem mais o que fazer — usar vários aparelhos para fazer uma linha de montagem e humilhar uma classe inteira do primeiro ano de uma só vez.

sexta-feira, 2 de setembro de 2011

Arte Ucrônica

Precisamos admitir: o estudo da História seria muito mais interessante se tivéssemos a participação de mais robôs, aliens e monstros em eventos históricos. Infelizmente, eles não estavam presentes em momentos que mudaram o curso da História, como a assinatura da Declaração de Independência dos Estados Unidos ou em tragédias como o Grande Incêndio de Chicago.

Mas — e se eles estivessem lá? É essa a pergunta que o artista Matthew Buchholz, de Pittsburg, busca responder. Munido de imagens históricas, vinhetas antigas e Photoshop, ele reimagina eventos históricos com uma pitada de ficção científica. Obviamente, seu foco é a História Americana, mas a ideia não deixa de ser divertida.

Entre outras obras, há Metallo, o Homem Mecânico em um retrato dos presidentes norte-americanos; Metallo participando da assinatura da Declaração de Independência (acima); a derrota do General Frankenstein em Bunker Hill [B. H. foi a primeira derrota na Guerra de Independência dos Estados Unidos]; a posse presidencial de Vilnar, o Destruidor e o dia em que aliens “tomaram os céus em suas Embarcações Voadoras e usaram seu Destructo-Raio”, incendiando Chicago em 1871 (abaixo).

O próprio Buchholz adimite que alguns de seus photoshops são mais bem-feitos que outros. Mas o que vale é a intenção. E se você quiser, pode adquirir algumas dessas obras por meros 20 dólares na loja virtual Alternate Histories, um lugar “onde o passado ganha vida monstruosamente.”

[via: Retro Thing]

quinta-feira, 1 de setembro de 2011

Aquele tal de Miswaldo

Em 1944, um juiz de San Francisco recusou-se a permitir que Tharnmidsbe L. Praghustspondgifcem mudasse seu nome.

O motivo para o veto judicial é que Mr. Praghustspondgifcem queria passar a ser conhecido como Miswaldpornghuestficset Balstemdrigneshofwintpluasjof Wrandvaistplondqeskycrufemgeish. 

O homem por trás desses nomes não era indiano: seu nome de batismo era Edward L. Hayes. Miswaldo (para abreviar o segundo nome) havia pedido a primeira mudança de nome em junho de 1942 para “melhorar meus negócios e minhas relações econômicas”. Evidentemente ele deve ter percebido que não se esforçou o bastante da primeira vez.

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