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segunda-feira, 21 de maio de 2007

Credulidade mata

Eis o que a fé irracional é capaz de fazer:

Mãe culpa "Satã" por filha queimada em microondas

A mãe do bebê que foi queimado num forno de microondas pelo próprio pai culpou o demônio, e não seu marido, pelo incidente, informa a emissora KHOU-TV, do Estado americano do Texas.

Eva Marie Mauldin disse que "Satã" forçou seu marido, Joshua Mauldin, 19 anos, a colocar o bebê no forno, porque a entidade maligna "desaprovava o esforço de Joshua para se tornar um pastor religioso". "Satã viu em meu marido uma ameaça", disse a mãe do bebê à emissora.

Um júri foi convocado para a audiência de Mauldin depois de depoimentos que indicavam que ele colocou a própria filha de dois meses de idade no microondas de um quarto de motel durante 10 ou 20 segundos.

A criança permanece hospitalizada. Ela sofreu queimaduras de terceiro grau no lado esquerdo do corpo e do rosto, informaram os policiais.

As autoridades declararam que Mauldin admitiu ter colocado a filha no microondas porque estava sob grande estresse. Mas sua mulher negou. "Ele nunca faria nada para machucá-la. Ele ama a filha."

Eva disse que espera para conseguir reencontrar a filha. Entretanto, o Serviço de Proteção Infantil trabalha para tirar a guarda da criança dos pais.

Fonte: Terra (http://noticias.terra.com.br/mundo/interna/0,,OI1631718-EI8142,00.html)

Não quero assustar ninguém, mas essa notícia nos mostra claramente o que acontece quando juntamos estresse, dependência emocional (paixão?) e falsas crenças que não se baseiam em evidência alguma. Em resumo: ela “ama” o marido mais do que a própria filha e não quer reconhecer nem a culpa dele nem a dela própria — afinal ela não fez nada para impedir isso.

sexta-feira, 11 de maio de 2007

Quer ser santo? É só pagar!

O papa, independente de quem seja, não tem qualquer autoridade moral. Afinal, quem era a autoridade por trás de guerras santas como as Cruzadas e a Inquisição? Qual foi a única autoridade religiosa que se calou diante do Holocauto promovido pela Alemanha nazista?

A visita do papa Bento XVI ao Brasil é, antes de tudo, política. Ou insinuar a excomunhão de parlamentares favoráveis ao aborto e a outros temas espinhosos para a Igreja (como o direito ao divórcio, à união civil de pessoas do mesmo sexo, ou como a educação sexual e prevenção da Aids além de pesquisas com células-tronco) não é uma atitude política? Mas o papa está bem mal-informado com relação aos nossos problemas. Nossos parlamentares não têm o menor remorso quando se fala de corrupção. Por que eles deviam ter medo da punição papal por ter idéias “heréticas”? Se fossem excomungados e como que por milagre tivessem uma boa crise de consciência eles não pensariam duas vezes: iriam às igrejas evangélicas. Se pagassem tudo direitinho, poderiam votar as leis que quisessem — aí incluídas tanto aquelas que a Igreja abomina como as que se referem aos aumentos salariais dos próprios deputados e senadores.

E a caquética Igreja Católica Apostólica Romana não perde só parlamentares inescrupulosos; perde também o povão explorado e desempregado das periferias, que fica realmente entediado com as celebrações eruditas e herméticas dos templos católicos. Sem falar que os padres e bispos — bem como a própria doutrina católica — estão em total descrédito. O clero, pelo seu comportamento reacionário, em alguns casos até intolerante. O clero também age de forma parecida com a dos parlamentares diante de um escândalo (sobretudo os sexuais): eles simplesmente negam tudo e ninguém é punido. Ou você já viu um deputado corrupto preso ou um padre pedófilo ser excomungado? Quanto à doutrina não é preciso dizer muito. Ela é simplesmente retrógrada e machista, não muito diferente do que se pregava na Idade Média. A única diferença é que hoje seria impossível, e mesmo inadmissível, promover uma nova Inquisição.

Diante disso que opções a Igreja tem? Ela pode (1) modernizar-se e rever seus conceitos, o certamente atrairia muitos jovens ou (2) pode continuar velha e ranzinza, apegada ao seu desatualizado discurso que só convence os velhos mesmo. O Vaticano já se decidiu pela segunda alternativa e fez sua escolha ao eleger o austero Bento XVI. E ele acha que vai conseguir reconquistar ex-fiéis e católicos não-praticantes com um santo brasileiro. Grande coisa. Os evangélicos não acreditam em santos e crescem vertiginosamente no Brasil. Além disso, santo hoje em dia não é lá coisa tão exclusiva assim. Segundo o Terra, por exemplo, “dos 800 santos da Igreja Católica, 493 foram canonizados nos últimos 29 anos. Só João Paulo II canonizou em 26 anos mais do que todos os outros papas juntos nos últimos 400 anos.” Isso tem ajudado a melhorar a situação da Igreja? É claro que não. Só as carolas cegas de fé, os padres pedófilos e o papa não vêem isso. Por que não lhes convém.

O Vaticano lucra com as canonizações e beatificações da vida. É muito mais rentável que o velho dízimo. Os processo de santificação custam, de acordo com o Terra, “cerca de 14 mil euros (quase R$ 38 mil), incluindo honorários de médicos, teólogos e bispos que estudam e julgam as causas.” Obviamente, esses médicos e teólogos só podem ser católicos e certamente só são formados em instituições católicas. Os processos, tais como os judiciais do Brasil, são lentos. Mesmo que a causa seja perdida, o Vaticano ainda cobra honorários — como os advogados.

E onde estão os valores morais e humanos do cristianismo, tais como a humildade e a solidariedade? Por que temos de seguir doutrinas vindas de Roma se temos livre-arbítrio? Por que a Igreja despreza os pobres aidéticos africanos, demoniza os homossexuais e dimunui o papel da mulher na sociedade?

quarta-feira, 9 de maio de 2007

Ame-o ou Deixe-o - Artigo publicado no Comércio do Jahu

Escrevi um texto na segunda e decidi enviá-lo ao jornal Comércio do Jahu. E para minha surpresa ele foi publicado hoje (09/05/2007). Se não fosse publicado estaria aqui no blog do mesmo jeito. Eis o texto integral:

Ame-o e Deixe-o

Ficar olhando para o passado não dá futuro pra ninguém. Ainda mais quando é um passado sombrio e vergonhoso.

A Alemanha, por exemplo. Após a Primeira Guerra Mundial (1914-1918), mesmo em meio às turbulências políticas e econômicas, os alemães poderiam olhar para o futuro e buscar um desenvolvimento pacífico. Mas não. Ficaram remoendo a derrota e nos deram a Segunda Guerra Mundial (1939-1945), o maior conflito de todos os tempos.

Após nova derrota, e mesmo dividida, a nação alemã aprendeu a lição: esqueceu o passado e passou a trabalhar de olho no futuro. Resultado: hoje a Alemanha está livre dos militares e é a terceira economia do planeta.

Será que nós precisaríamos de uma intervenção dos militares? Se ainda hoje vemos sem-terra e sem-tetos nos campos e nas ruas do Brasil é por que os militares intervieram para impedir as reformas de João Goulart. Aquele era o melhor momento para implantá-las. Pelo bem dos Estados Unidos — e financiados pelos norte-americanos — os militares decidiram intervir.

Não bastasse a intervenção, as Forças Armadas ainda perseguiram os opositores da “revolução” com torturas e mortes. Ninguém sabia disso por causa da censura, também imposta pelos militares. Tal censura também escondia verdadeiras farras com o dinheiro público. Como a inútil Transamazônica, por exemplo. E outras grandes rodovias também. Inúteis sim, por que a melhor forma de integrar países de dimensões continentais é através de ferrovias, não de rodovias. Vide os exemplos dos EUA, do Canadá, da Rússia e mesmo de um continente inteiro — a Europa.

Após tanta gastança, o resultado não podia ser outro. Nosso “milagre” econômico era sustentado por grandes empréstimos externos feitos antes do primeiro choque do petróleo (1973), quando os juros ainda eram baixos. Após aquela crise energética mundial, todos os preços subiram inclusive o dos empréstimos. Nosso crescimento não teve nada de milagroso, era um truque artificial que só nos trouxe a hiperinflação e uma desigualdade social cada vez mais gritante. Os únicos a ganhar com o regime militar foram os investidores estrangeiros.

Como se sabe, muitos investimentos foram feitos em infra-estrutura. Mas isso não foi garantia de um crescimento sustentado da economia brasileira. E a educação? Prioridade zero para os militares. Apenas como exemplo, cite-se o caso da Coréia do Sul. Há 50 anos, aquele país asiático estava arrasado por uma guerra ideológica causada pela intervenção estadunidense. Os sul-coreanos eram tão miseráveis quanto hoje ainda são seus irmãos do norte. Hoje a Coréia do Sul é um dos principais centros tecnológicos do mundo. Uma nação verdadeiramente desenvolvida e não uma pseudo-oitava-economia-mundial que não tem sequer uma indústria automobilística genuinamente nacional. Sem falar no uso, ainda relativamente comum no Brasil, de mão-de-obra em regime de semi-escravidão.

Felizmente, já estamos livres dos militares, mas nem tanto. Eles ainda se opõem fortemente à abertura dos arquivos referentes aos “anos de chumbo”. Eles têm medo do quê? Não agiram “apenas para botar ordem na casa”, segundo a opinião do “saudosista” Paulo Ferreira Costa Negraes (Comércio de 05/05/2007)?

Os militares insistem em manter o controle do tráfego aéreo e agora voamos de modo precário e caótico. Cadê a ordem militar. Se faltam recursos é por que os militares, em seus delírios, conseguiram convencer o Brasil de que era necessário enviar um membro da Aeronáutica pro espaço. Pagamos US$ 20 milhões por isso. Mas agora falta dinheiro para modernizar o sistema de controle do espaço aéreo. Será que vamos ter saudade disso também?

Eu também leio muito, mas sou jovem. E a leitura só nos é útil quando estamos abertos a novas idéias e não damos ouvidos a discursos reacionários que não apresentam nenhuma solução. Se somos o eterno país-do-futuro, é por que estamos presos ao passado.

Se você ama esse país, mas prefere os Estados Unidos, vá logo para a terra do Tio Sam!

Renato Pincelli


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