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segunda-feira, 28 de fevereiro de 2011

Xadrez dos Infernos [Solução]


E então, o que você decidiu? Vai encarar dois mestres imbatíveis do xadrez ao mesmo tempo ou quer ir direto pro quinto dos infernos? A seguir, a resposta correta:

Na ponta dos dedos


Movido pelo ideal da inclusão social dos cegos, Edward B. Kaplan teve uma ideia brilhante em 1995: uma máquina caça-níqueis em braille.

Um conjunto de pinos corresponde a cada roda da máquina. Enquanto as rodas da fortuna giram, os pinos mudam, permitindo que o apostador desprovido de visão sinta a emoção do jogo. Se o jogador ganhar, a máquina avisa com uma vibração.

Entretanto, a invenção parece ainda mais engenhosa. Ao menos para os cassinos. Qualquer ganho é retido na máquina até que o apostador consiga apertar um botão de pagamento. Conforme o texto da patente: “Isso também vai impedir qualquer roubo por terceiros” caso o jogador não enxergue.

O mais irônico, porém, é que se você não gosta dessa ideia, você não quer que os ceguinhos se divirtam em Las Vegas (o que é preconceito). Mas se você apoia esse invenção, quer que os ceguinhos percam dinheiro (o que é sacanagem).

domingo, 27 de fevereiro de 2011

Como (não) tratar tuberculose

Ou: “como suspeitar que a doença é causada por parentes vampiro-zumbis”.

Em janeiro de 1892 o fazendeiro George Brown, de Rhode Island, enterrou sua filha, Mercy. Como a mãe e a irmã, ela morreu tísica.

Dois meses mais tarde, foi o filho do fazendeiro, Edwin, que caiu doente. Nhô George Brown passou a crê que um de seus familiares mortos tava sain’o da cova como um vampiro para matar o filho que lhe restava.

Diante das circunstâncias, ele tomou uma atitude totalmente racional, : exumou o corpo da filha, ’rrancô o coração fora e moeu ele. Depois, ele misturou os restos em uma poção e serviu pro sinhôzinho Edwin.

Edwin Brown morreu dois meses depois.

Voto de Pobreza

Por que a população do Vaticano não derruba o papa? Porque o "povo" vaticano
 vive rica e fartamente com a renda de suas ovelhinhas.

sábado, 26 de fevereiro de 2011

[Enigma] Xadrez dos Infernos


Não me pergunte por que, mas você morreu e foi parar no inferno. Mas como você parece muito inteligente, o diabo lhe faz um desafio: você pode escolher entre jogar xadrez simultaneamente com Alexander Alekhine e Aaron Nimzowitsch ou ir direto para o quinto dos infernos. Alekhine joga com as pedras pretas e fuma um cachimbo de enxofre. Nimzowitsch joga com as brancas e tem abotoaduras feitas de dentes humanos. Nenhum deles jamais perdeu. Nem no inferno.

Se você conseguir uma vitória ou até um empate contra qualquer dos jogadores, você será libertado. Mas se ambos lhe derrotarem, você ganha uma passagem para o quinto dos infernos válida por toda a eternidade.

O que você deve fazer?

Rema, rema, remador...

Em 1896, os pescadores Frank Samuelsen e George Harbo se cansaram daquela vida litorânea em Nova Jersey (não existia Jersey Shore naquela época) e decidiram fazer algo para ficar na História. Eles resolveram cruzar o Oceano Atlântico remando em um bote. 

No dia 6 de junho eles zarparam de Battery a bordo de Fox, um bote de 18 pés. Levaram apenas uma bússola, um sextante, um exemplar do Nautical Almanac e um par de capas de chuva. Devem ter levado umas varas de pescar também, para se alimentar. Samuelsen e Harbo alcançaram as Ilhas de Scilly, na Inglaterra, após remar por 55 dias — um recorde que ainda não foi derrubado.

Ironicamente, enquanto eles voltavam para casa em um vapor, o carvão do navio acabou. A dupla não teve dúvidas: lançou o Fox ao mar e remou de volta até Nova York.

sexta-feira, 25 de fevereiro de 2011

Um emplastro

A estória sobre o Dr. Abernethy e uma paciente é clássica. Ele era um homem de poucas palavras e a moça sabia disso. Ao entrar no consultório, ela mostrou-lhe o braço nu e disse, simplesmente, “Queima”.
“Um emplastro.”, disse o doutror.
No dia seguinte, ela apareceu novamente, mostrou-lhe o braço e disse: “Melhorou.”
“Continue com o emplastro.”
Alguns dias se passaram antes que Dr. Abernathy a visse novamente. Então, ela disse: “Bem, quanto devo?”
“Nada”, disse o médico, numa explosão de loquacidade incomum. “Você é a mulher mais sensível que eu já encontrei em toda a minha vida!”
– William Shepard Walsh, Handy-Book of Literary Curiosities [Manual de Curiosidades Literárias], 1892

Esse causo é um oferecimento de:
“Um remédio para remediar o vício em remédios”.
À venda nas melhores pharmacias d'além e d'aquém-túmulo.

quinta-feira, 24 de fevereiro de 2011

Próximo!

Na China, os professores de religião precisam agora pedir uma autorização antes de serem reincarnados.

O decreto, em vigor desde 2007, especifica que os pedidos devem ser submetidos a quatro repartições públicas distintas. Segundo a lei, “A seleção de reincarnados deve preservar a unidade nacional e a solidariedade de todos os grupos étnicos. O processo de seleção não pode ser influenciado por qualquer grupo ou indivíduo de fora do país.”

Por bizarro que seja, o Estado chinês, oficialmente ateu, reconhece a reincarnação. Mais que criar escritórios ociosos cargos burocráticos, a medida é política. Como apenas reincarnações “nacionais” e certificadas pelo governo chinês são válidas, isso significa que caberá a Pequim decidir quem será o próximo Dalai Lama. O governo chinês acredita que com um líder escolhido, criado e doutrinado pelos comunistas, o movimento separatista do Tibete deve enfraquecer.

Moral da história: embora não admita, a China está aprendendo muito com os norte-americanos. A começar pelas leis bizarras e pelas fronteiras nebulosas entre Estado e Religião.

Pai de Todos

Bons eram tempos em que padres poderiam “tirar o atraso” livremente com mulheres. Nada de preservativos e um monte de filhos! Porém, até hoje não houve pároco com tanta vontade de “fazer filhos” quanto Francisco Costa, o lendário prior de Trancoso:

Sobre a união do homem com muitas mulheres, é curioso este documento que se acha arquivado na Torre do Tombo em Lisboa (armário 5º., maço 7º., datado do ano 1487):

“F...... C......, prior que foi de Trancoso, na idade de 62 anos, será degredado de suas ordens e arrastado pelas ruas públicas ao rabo de cavalos, esquartejado o seu corpo e posto em quartos e a cabeça e mãos em diferentes distritos, pelo crime de que foi arguido, que ele mesmo não contrariou, sendo acusado de ter dormido com 29 afilhadas, tendo delas 97 filhas e 37 filhos; de 5 irmãs teve 18 filhos e filhas; de 9 comadres teve 38 filhas e 18 filhos; de 9 amas teve 29 filhas e 5 filhos; de 2 escravas teve 21 filhas e 7 filhos; dormiu com uma tia chamada A.... C...... de quem teve três filhos e... da própria mãe teve 2 filhos!!!

Total — 275 filhos, sendo 200 do sexo feminino e 75 do sexo masculino, sendo concebidos de 54 mulheres!”


— Valmiro Vidal Rodrigues, Curiosidades: 1000 coisas interessantes para nossa cultura enciclopédica, Vol. III. 1960

O prior foi julgado e condenado e executado, certo? Errado! Lembre-se que estávamos em Portugal, um país que nos legou a rigorosa tradição jurídica do “prende e solta”:
“O rei João I perdoou ao fecundo sotaina e o mandou por em liberdade aos 17 dias de março de 1487 e guardar no Real Arquivo da Torre do Tombo esta sentença e mais papéis que formam o processo.”Idem.

quarta-feira, 23 de fevereiro de 2011

Cruz na Porta da Tabacaria


Não posso dizer se é verdade ou não (não encontrei nada sobre o tal Tom Klaes), mas assim que eu encontrei a estória a seguir, me lembrei imediatamente do poema de Álvaro de Campos:

O maior fumante da Europa morreu em Roterdã e deixou um testamento dos mais curiosos. Ele deixou expresso seu desejo de que todos os fumantes do país deveriam ser convidados para suas exéquias, e que eles fumariam durante todo o cortejo fúnebre. Ele pede que seu corpo seja posto em um caixão montado com madeira tirada de velhas caixas de charutos Havana. Aos seus pés, devem ser depositados tabaco, cigarro e fósforos. E o epitáfio que ele escolheu para ser posto sobre seu túmulo é o seguinte:

Aqui Jaz
TOM KLAES,
O Maior Fumante da Europa
Ele bateu seu cachimbo
4 de julho de 1872
Chorado por sua família e
todos os mercadores de tabaco
ESTRANHO, FUMAI POR ELE!
– Charles Bombaugh, Facts and Fancies for the Curious From the Harvest-Fields of Literature [Fatos e Firulas para os Curiosos, dos Campos Cultivados da Literatura], 1905

terça-feira, 22 de fevereiro de 2011

Dramática Queima de Mostruário

John Warburton (1682-1759) colecionava originais manuscritos de dramas logo após um dos períodos mais frutíferos do teatro inglês. Infelizmente, ele entrou para a história não por seu cuidado, mas por uma falha tão dramática quanto sua coleção. Ele deixou uma pilha com 50 manuscritos em sua cozinha e saiu para viajar. Meses depois, ao retornar, ele descobriu que a (analfabética) cozinheira havia destruído os originais de quase todas aquelas peças usando os papéis para acender o fogão a lenta lenha.

Entre os trabalhos perdidos (e, para nós, de autores desconhecidos) estavam peças de Philip Massinger (1583-1640), John Ford (1586-1637), Thomas Dekker (1572?-1632), Robert Greene (1558-1592), William Davenant (1606-1668), Cyril Tourneur (1575-1626), William Rowley (1585?-1626), George Chapman (1559?-1634), Henry Glapthorne (1610-1643?) e Thomas Middleton (1580-1627) — além, é claro, de três de William Shakespeare (1564-1616).

PS: a inexatidão nas datas de nascimento e até de morte de alguns dramaturgos deve-se justamente à bagunça dos séculos XVI e XVII na História Inglesa. No primeiro, houve a reforma da igreja; no último, duas guerras civis. Assim, em meio ao Renascimento Inglês, muitas informações históricas também se perderam.

Em uma palavra [41]

Agnoilogia
subst. fem. o estudo filosófico da ignorância. A.gnoi.lo.gia [do Grego agnoia, ignorância. Cp. com agnosticismo]

Eis um campo de estudos vastamente subestimado, dado que matéria para reflexão não falta.

segunda-feira, 21 de fevereiro de 2011

Encontrado o primeiro projeto da Apple

Está com um visual bem clean e tem uma tela plana, mas ainda falta hype.

É dando que se recebe [Solução]



Na verdade, como os mais sagazes de vocês devem ter percebido (ou não, já que ninguém se manifestou), a recompensa em ouro depende da forma como os pães foram partilhados. 

domingo, 20 de fevereiro de 2011

Lingva Latina morta non est


 O Latim não está morto. A língua de Ovídio, Júlio César e da Antiguidade Clássica está em franco renascimento, graças à internet e à curiosidade de jovens do mundo todo.
O Latim, há séculos considerado como língua morta, está ressuscitando graças à internet (sive interrete) e à comunidade global de latinistas. E eles não são apenas velhos saudosos dos tempos do latim do colégio ou monges fundamentalistas do Vaticano. Muitos latinófilos (ou seriam latin lovers?) são, na verdade, jovens admiradores que estão redescobrindo – e reinventando – a primeira flor do Lácio.

Nevermore!


Ver uma maçã vermelha deveria aumentar sua confiança na ideia de que todos os corvos são negros.

Por quê? Porque a afirmação “Todos os corvos são negros” é logicamente equivalente a “Todas as coisas não-negras são não-corvos”. E ver uma maçã vermelha ou grama verde ou neve branca (ou o Corinthians perdendo a Libertadores) reforça essa crença.

Mesmo sendo contraintuitivo, isso é logicamente inescapável. É o paradoxo de Hempel.

sábado, 19 de fevereiro de 2011

Meta-Inventário

Nesta sentença há dezesseis palavras, oitenta e nove letras, um hífen, três vírgulas e um ponto-final.

O Mistério de Pimlico

Em 28 de dezembro de 1885, o padeiro Edwin Bartlett foi encontrado morto em sua cama, no distrito de Pimlico, em Londres. Seu estômago estava cheio com uma dose fatal de clorofórmio, mas, de modo intrigante, seu esôfago e sua laringe não mostravam qualquer sinal da queimadura que o clorofórmio líquido deveria ter causado.

A principal suspeita era a esposa de Bartlett, Adelaide (1855-?). Ela estava tendo um caso com um pastor do distrito, George Dyson. As investigações mostraram que d. Adelaide havia convencido o pastor Dyson a comprar pequenas doses de clorofórmio em diversas farmácias para não levantar suspeitas. Ela afirmava que Edwin (1845-1885) estava passando por um doloroso tratamento dentário e precisava de anestesia.

No tribunal, a defesa de Adelaide alegou que era impossível que ela tivesse matado o marido (que, diga-se de passagem, ela traía religiosamente) com clorofórmio líquido sem passá-lo pela garganta. O júri entendeu muito bem esse argumento e ela foi absolvida.

No entanto, ainda dentro do tribunal, o renomado patologista Sir James Paget queria uma resposta: “Agora que Mrs. Bartlett foi absolvida, ela deveria nos dizer, pelo bem da ciência, como ela fez isso.” Adelaide não respondeu. Após o julgamento tanto d. Adelaide quanto o Pastor Dyson sumiram do mapa (há quem diga que eles teriam emigrado para os Estados Unidos).

O assassinato de Edwin Bartlett continua sem solução até hoje.

sexta-feira, 18 de fevereiro de 2011

Técnicas de Caça Geeks

Em 1938, a American Mathematical Montly publicou um artigo incomum: “Uma contribuição para a Teoria Matemática do Grande Jogo de Caça”. Os autores, Ralph Boas e Frank Smithies apresentaram 16 maneiras de pegar um leão através de técnicas inspiradas em física e matemática modernas. Exemplos (não tente fazer isso em casa):

Isso só aconteceu por que o domador não tinha noções de matemática e lógica avançadas.

[Enigma] É dando que se recebe


Alex e Breno estão viajando quando eles encontram Caio. O Alex tem cinco pães e o Breno, três. O Caio não tem nenhum pão, mas está com fome. Por isso, ele pediu aos companheiros que compartilhassem o que tinham e prometeu pagar-lhes 8 moedas de ouro assim que chegassem à próxima cidade.

O acordo é aceito e o pão é dividido igualmente entre eles. Quando eles chegam na próxima cidade, o Caio dá 5 moedas de ouro para o Alex e 3 para o Breno.

“Perdoe-me”, reclamou Alex, “Isso não é muito justo.” Ele propõe outra forma de dividir a recompensa, que é considerada justa tanto por Breno quanto por Carlos.

O desafio é: Como eles dividiram as oito moedas de ouro?

quinta-feira, 17 de fevereiro de 2011

O nome do gato é PMDB

negociata
E o dono dele é a família Sarney

Os Vermes de Lawrence

Você se lembra do filme O Óleo de Lorenzo, onde os pais, desesperados, começam a estudar e a pesquisar sozinhos uma cura para o filho? O filme era baseado em fatos reais, mas às vezes até a vida gosta de fazer um remake. E assim como em um remake, o final da história pode ser ao mesmo tempo surpreendente e repetitivo.

Conforme relatam em detalhes um artigo da The Scientist e Alyson Muotri em sua coluna no G1, em 2007 os pais de Lawrence, de 13 anos, resolveram procurar um tratamento mais efetivo para o autismo do garoto nova-iorquino. Diagnosticado aos dois anos, o menino tem um quadro grave de autismo. Ele mordia os poucos colegas que tinha e demonstrava muita ansiedade e agitação. Também havia episódios de autoagressividade: ele batia a própria cabeça na parede.

quarta-feira, 16 de fevereiro de 2011

Imóvel Fantasma

Das séries “bizarrices do judiciário americano” e “um pouco de ceticismo não faria mal a ninguém”:
Cuidado! Esta casa é assombrada - ou pelo menos foi isso que disse a Justiça nova-iorquina.

Se você quer vender uma casa em Nova York, é melhor certificar-se de que o imóvel não é assombrado antes de fechar o negócio. Pelo menos essa foi a decisão da Suprema Corte do Estado de Nova York no caso Stambovsky v. Ackley — a.k.a. “aquele caso Ghostbusters de 1991”.

Quando Jeffrey Stambovsky fez uma oferta para comprar a casa de Helen Ackley em Nyack, NY, ele não sabia que ela (a casa, não a Sra. Ackley) era assombrada. O assustado (e crédulo) comprador tentou desfazer o negócio após assinar o contrato, mas foi judicialmente impedido de desistir da compra.

Stambovsky recorreu da decisão. Durante o novo julgamento, a corte superior notou que, uma vez que a vendedora havia relatado a presença de fantasmas em uma fonte confiável — a revista Seleções do Reader's Digest —, ela não podia negar a existência deles diante do comprador. “Em termos legais,” determinou a justiça estadual de Nova York, “a casa é assombrada.”

E, por causa disso, um comprador não deveria descobir os fantasmas após a aquisição do imóvel. Os fantasmas seriam um “defeito” da casa e Mrs. Ackley seria culpada pela venda desonesta. Para a corte nova-iorquina, mesmo “a inspeção e busca mais meticulosas não revelariam a presença de poltergeists preliminarmente nem derrubariam a reputação fantasmagórica que a propriedade tem na comunidade.” 

Resultado: Stambovsky não sofreu qualquer dano, mas conseguiu sair de um contrato sem pagar multa. Moral da história: Caveat emptor [cave no vazio compre por sua conta e risco em latim juridiquês].

terça-feira, 15 de fevereiro de 2011

Em uma palavra [40]

Cartopaignologista ou Cartopanhologista

s. c. 2g.; neolog. um especialista em jogos de carta. [do Grego charte, pedaço de papel, carta + paignos, jogatina +  sufixo -logista, estudioso. Palavra criada por Anthony Burgess, autor de Laranja Mecânica]

segunda-feira, 14 de fevereiro de 2011

Alexander “Crusoé” Selkirk

selk
Robinson Crusoé não foi totalmente ficcional. A história do náufrago solitário criada por Daniel Defoe foi baseada na vida de Alexander Selkirk (1676-1721), um marinheiro escocês que passou quatro anos em uma ilha desabitada.

Em 1703, Selkirk estava navegando com o corsário William Dampier quando começou a duvidar da durabilidade do galeão do corso, o Cinque Ports. Assim que pôde, o desconfiado marujo escocês decidiu partir de mala e cuia para terra firme. Isso mesmo, ele escolheu voluntariamente ficar sozinho na ilha de Juan Fernández, no Pacífico Sul. Ou quase sozinho: além da roupa do corpo, Selkirk ficou com apenas um mosquete, um pouco de pólvora, cordas,  ferramentas de carpintaria, uma faca e uma bíblia.

Nos primeiros dias, Selkirk foi derrubado pela solidão e pelo arrependimento. Mas rapidamente — afinal era questão de vida ou morte — ele se aclimatou. Na falta de um “Sexta-feira”, o marujo solitário domesticou gatos selvagens (!!)  para caçar ratos, plantou uma horta com nabos, repolhos e pimenta e construiu uma cabana com madeira de um pé de pimenta-da-jamaica. Mais tarde, ele forjou uma faca com o metal de aros encontrados em barris que apareceram na praia e usou-a para caçar cabras selvagens (ele usava suas peles como roupas).

Por duas vezes a ilha foi visitada por tripulações de navios que pararam para reabastecimento. No entanto, em ambos os casos, os visitantes eram espanhóis. Sendo um pirata estrangeiro em território espanhol (hoje Juan Fernández é território chileno), Selkirk sentiu-se ameaçado e, em vez de tentar fugir, se escondeu durante as visitas. Diz-se que em uma ocasião o capitão de um dos navios parou para mijar bem debaixo da árvore onde o marujo escocês estava escondido. Felizmente, ninguém olhou para cima.

O final da história é um tanto surpreendente. Depois de quatro anos e quatro meses vivendo totalmente isolado (ainda não havia bolas de vôlei para chamar de “Wilson”), Selkirk foi resgatado pelo mesmo cara que o abandonou na ilha. William Dampier estava de de volta, mas o náufrago escocês notou que navio não era o mesmo. O Cinque Ports havia afundado após perder os mastros. Embora tenha acabado com sua vida social, a desconfiança do marujo escocês foi a sua salvação.

domingo, 13 de fevereiro de 2011

Prêmio Nobel de Publicidade

Taí uma categoria de Nobel que não existe. Mas há pelo menos um caso que merecia ser premiado pela Academia Real de Ciências da Suécia.

Os físicos Cheng Ning Yang e Tsung-Dao Lee costumavam discutir seus trabalhos enquanto almoçavam em um restaurante chinês na Rua 125, em Manhattan. Um dia, eles perceberam uma importante violação da paridade das partículas fundamentais durante o bate-papo na hora do almoço. Eles acabaram recebendo o Prêmio Nobel de Física em 1957 pela descoberta.

Isso nos leva ao nosso Nobel publicitário. Depois de receber o prêmio, eles voltaram a trabalhar e, quando foram almoçar, encontraram uma plaquinha na janela do restaurante: “Coma aqui e ganhe o Prêmio Nobel”.

sábado, 12 de fevereiro de 2011

Trollagem de Sísifo

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Um excêntrico viajante pintou em uma grande rocha, numa das principais trilhas do Estado da Georgia, as palavras “Revolva-me”. Outros viajantes juntaram-se e lutaram para revirar a rocha. Por baixo dela, encontraram pintado “Agora vire-me de volta para que eu possa pegar outros”.
— H. Allen Smith, The Compleat [sic] Practical Joker [O Completo e Prático Brincalhão], 1953

Twaintadas #03: Alinhamento

quinta-feira, 10 de fevereiro de 2011

Albert Herpin, o homem que nunca dormiu

Albert Herpin, nascido na França em 1862 e há quinze anos cocheiro nesta cidade, declara que ele não pregou os olhos nos últimos dez anos. Apesar disso, ele está em perfeita saúde e não parace sofrer qualquer desconforto por sua notável condição. Ele vai para a cama regularmente, mas diz que nunca fecha seus olhos ou nem por um instante perde consciência sobre tudo o que acontece à sua volta. Ao amanhecer, ele levanta-se renovado e pronto para outro dia de trabalho entre os cavalos. Ele diz que a mudança de posição e a escuridão do quarto parecem dar-lhe todo o descanso que ele quer.
— “Hasn't Slept in Ten Years” [“Não Durmo há Dez Anos”], New York Times, 29 de fevereiro de 1904
A matéria dizia que Herpin sofria de insônia desde o nascimento de seu primeiro filho, vinte anos antes. Pouco tempo depois, Mrs. Herpin morreu e o cocheiro passou a dormir cada vez menos, até ser incapaz de “pregar os olhos” durante a noite. Ele, diz-se, não tinha sequer uma cama. O cocheiro descansava em uma cadeira de balanço onde, não raro, ele varava a noite lendo jornais.

quarta-feira, 9 de fevereiro de 2011

O Escritor que Roubava Livros

Anatole

Inteligência Cavalar

The_Horse_and_Groom
A anedota a seguir nos parece tão maravilhosa que nós mal esperamos obter uma crença generalizada. Mas ela nos foi transmitida por um respeitável correspondente, um homem que está longe de ser crédulo e que não tem interesse algum em enganar outros: — “Outro dia, um cavalo — pertencente a Mr. Thomas Johnstone, caseiro da propriedade do Major Culton, de Auchenabony — perdeu uma ferradura. Provavelmente sentindo sua pata algo desconfortável por falta dela, ele partiu do campo onde estava pastando e foi até um ferreiro a uma milha de distância, onde costumava ser ferrado. Ao chegar lá, ele foi visto parado por alguns minutos, como que à espera do dono da casa para atendê-lo. Não encontrando ninguém para recebê-lo, o cavalo entrou e colocou-se no canto onde ficava durante a inserção da ferradura. Quando o ferreiro chegou, percebeu instantaneamente a pata sem ferradura. Pouco depois, o dono do cavalo, dando por sua falta, veio procurá-lo no ferreiro e, para sua grande surpresa, encontrou O FERREIRO OCUPADO EM POR A FERRADURA NO CAVALO!”
The Kaleidoscope, 10 de julho de 1821

terça-feira, 8 de fevereiro de 2011

A tirinha mais geek EVER!

Geek Level: it's over 8.000!!1!!11

Em uma palavra [39]

Esnobografia

subst. fem. (neolog.) escrito que descreve esnobes. [hibridismo formado a partir do inglês snob, esnobe, classista, arrogante e do grego graphein, grafia, escrita.]
Esnobógrafo

subst. masc. (neolog.) aquele que escreve esnobografias; que descreve esnobes.

Enfim achamos um adjetivo perfeitamente adequado à revista Caras: trata-se de uma revista esnobográfica.

segunda-feira, 7 de fevereiro de 2011

Mary Bateman, a Bruxa de Yorkshire

bruxa
Mary Bateman (1768-1809) era filha de um fazendeiro pobre e não recebeu qualquer tipo de educação. Tentou trabalhar como doméstica, mas o furto acabou tornando-se uma carreira mais promissora. Em pouco tempo, ela passou a praticar golpes nos quais afirmava (de forma bastante convincente) ter poderes sobrenaturais. Por volta da virada do século XIX, ela passou a atuar como curandeira. Aí ela cruzou a fronteira entre o roubo e o assassinato.

Entre os ingredientes de suas poções medicinais havia veneno. Um casal lhe procurou e recebeu de Bateman uma porção. A moça, evidentemente, acabou morrendo. O marido ainda acreditou em Miss Bateman por mais dois anos, inclusive pagando diversas consultas para tentar falar com a falecida esposa. Nesse meio-tempo, aproveitando-se de uma onda milenarista, a “Bruxa de Yorkshire”, como ficou conhecida, armou o golpe dos ovos apocalípticos — ela cobrava um penny de quem quisesse ver o prodígio galináceo.

Pouco depois de ser desmascarada por gentlemen céticos, a bruxa foi descoberta também pelo marido da moça morta. Ele encontrou, escondidas na casa de Mary, receitas anotadas que indicavam o uso de veneno em suas porções. Em março de 1809, a “Bruxa de Yorkshire” foi denunciada, julgada e condenada à morte. Ela ainda tentou recorrer, alegando estar grávida, mas exames médicos provaram que, pra variar, ela estava mentindo. Vinte dias depois, Mary Bateman foi enforcada. Ela foi a última mulher a ser morta acusada de “bruxaria” na Inglaterra.

O peso do nome: Edison (parte 2)


tomjr

Apesar do acordo com o pai, as coisas só pioravam na vida de Thomas Alva Edison Junior. A venda do “Magno-Electric Vitalizer” foi proibida em 1904, após ser considerada fraudulenta pelo U.S. Postal Service. A Thomas A. Edison Junior Chemical Company, que comercializava o produto e estava sendo processada pelo Edison-pai, acabou falindo rapidamente. Em uma entrevista para o New York American, Edison Sr. fez duras críticas a Junior, especialmente por sua falta de habilidade nos negócios, sua ingenuidade e sua educação incompleta.

domingo, 6 de fevereiro de 2011

O Juízo Final vai acabar em pizza

Juízo_Final

Se Deus é infinitamente justo, ele irá punir todos os malfeitores (Eclesiastes 3:17).

Se Deus é infinitamente “misericordioso, clemente e vagaroso em irar-se” (Neemias, 9:17), ele os perdoará a todos.

Será possível ter, ao mesmo tempo, justiça e misericórdia infinitas? #reflita

Eu não sei, mas me parece que isso confirma a velha (e ufanista) crença de que deus é brasileiro.

sábado, 5 de fevereiro de 2011

O peso do nome: Edison (parte 1)

tomjr
Thomas A. Edison Jr., a.k.a. Dash (Traço). O apelido telegráfico foi dado pelo pai.
Thomas Alva Edison Junior nunca teve paz na vida.

Nascido em 1876, ele era filho do mais famoso inventor do mundo e todo mundo esperava que ele seguisse os passos do pai. Apelidado pelo pai de “Dash” (traço; sua irmã mais velha, Marion, era “Dot”, ponto), ele teve uma primeira infância bastante idílica, embora sempre tenha passado mais tempo com a mãe, Mary. Arrasado pela morte da mãe quando tinha sete anos, Thomas Jr. e sua irmã pouco podiam fazer com o pai, um homem emocionalmente distante, para quem o laboratório era o lar. Junior passou o resto de sua infância em um internato onde, segundo relatos, ele se mostraria um mau aluno. Quando Edison-Pai se casou novamente em 1886 e a família se mudou para Glenmont, Nova Jersey, Mina (a segunda esposa), tentou formar laços afetivos com as crianças, mas Junior acabou se afastando da nova família. O fato de sua madrasta ser apenas um pouco mais velha que ele pode ter dificultado a situação, que se tornou insuportável.

Ode ao... ao... sujeito cujo nome nunca me lembro

Uma vez — não importa quando,
Nem onde  — Viveu um homem,
Um homem chamado  —  lembrando
agora isso me some.


Ele, bem, ele havia nascido
e vivia com afinco.
Sua idade  — eu não sou preciso  —
Era alguma coisa e cinco.


Ele viveu — por quanto tempo
Não consigo te dizer;
Mas um fato aparece sem contratempo:
Ele viveu até morrer.


Ele morreu, te digo
Você pode não acreditar,
Mas que ele está num jazigo
Isso eu não posso inventar


Ele teve um filho, juro!
Ouvi falar de uma mulher,
Talvez até outra, te asseguro
Mas, ó vida, não sei dizer!


Fosse ele rico
Ou fosse ele pobre
Ou gato ou rato ou mico
Não consigo dizer, não me cobre!


Não me lembro de seu nome
Nem como era sua aparência
Por favor, tenha paciência!
Vamos nos servir de seu renome.


E assim é que eu me perco
Falando desse homem desconhecido.
Eu derrubaria um cerco
Para salvar esse esquecido


Das sombras do esquecer
E achar alguma lei
Mas... Ah! eu não sei
O quem, o onde, o quando, o que — ou o porquê


MORAL:


Um epílogo vamos ter,
Uma moral devemos encontrar
Mas qual devia ser
Acaba de me escapar!


– William T. Dobson, Literary Frivolities, Fancies, Follies and Frolics [Frivolidades, Fantasias, Tolices e Firulas Literárias], 1880

sexta-feira, 4 de fevereiro de 2011

Pérolas Fundamentalistas III: a Ascenção

porco

E depois de quase dois anos, essa série volta para nos assombrar com exemplos do que a fé é capaz de gerar. Para começo de conversa, uma torrente de ignorância na polêmica sobre a presença de gays no Exército:

quinta-feira, 3 de fevereiro de 2011

Lição do dia #02: Pode isso, Aristóteles?


Alguma dúvida, pessoal? Pessoal?

Porra, Aristóteles!!! Você fez todo mundo sumir!

Um autógrafo de Mark Twain

Aos que lhe escreviam pedindo autógrafos, Mark Twain respondia educadamente com uma mensagem à máquina:

Eu espero não te ofender. Eu certamente não direi nada com a intenção de ofendê-lo. Porém, eu tenho que me explicar e o farei tão gentilmente quanto me é possível. O que você me pede para fazer é o que me pedem para fazer tão frequentemente quanto meia dúzia de vezes em uma semana. Três centenas de cartas por ano! Qualquer um teria o impulso de conceder livremente, mas o tempo e as ocupações necessárias de qualquer um não o permitiriam. Não há nada a fazer a não ser declinar em todos os casos, sem abrir exceções. E eu espero chamar sua atenção para algo que provavelmente não lhe ocorreu, e que é isso: nenhum homem se diverte praticando seu ofício como passatempo. Escrever é o meu ofício e eu o pratico apenas quando me sinto obrigado. Você pode fazer seu pedido [de autógrafo] para um médico, ou um pedreiro, ou um escultor e aí não haveria impropriedade alguma nisso. Mas se você pedir a qualquer um deles por uma amostra do seu ofício, do seu artesanato, ele poderia com toda a justiça perder as estribeiras. Nunca seria adequado pedir que um médico lhe desse um de seus cadáveres para guardar como recordação dele.

quarta-feira, 2 de fevereiro de 2011

Eu li isso em algum lugar...

...só não me lembro onde!

E digo mais:

Um gentleman, que tinha o hábito de intercalar seus discursos com a expressão “eu digo”, foi informado por um amigo que certo indivíduo fizera comentários maldosos sobre tal peculiaridade. Então, ele não perdeu a oportunidade e disse-lhe o seguinte em um divertido estilo de réplica: — Eu digo, senhor, que ouvi você dizer que eu digo “Eu digo” a cada palavra que digo. Porém, senhor, embora eu saiba que eu digo “Eu digo” a cada palavra que digo, eu ainda lhe digo, senhor, que não lhe cabe dizer que eu digo “Eu digo” a cada palavra que eu digo.
— Charles Carroll Bombaugh, Gleanings for the Curious from the Harvest-Fields of Literature [Coletas para os Curiosos dos Campos de Cultivo da Literatura], 1890
E tenho dito!

terça-feira, 1 de fevereiro de 2011

Porra, McFly!

Lembre-se, se você viajar até o futuro e tiver uma sensação de déjà vu, nunca tente evitar isso — Nunca! Os resultados podem ser desastrosos:

“Book'em Danno!”

Em uma palavra [38]

ademonista
adj. aquele que nega a existência de demônios ou do diabo. Ademonismo, subst. [do Grego a-, não + daimon, espírito, + -ista]. Adiabólico, sinôn.

Para esclarecer o assunto de uma vez por todas: ateus não acreditam em deus, mas também não creem em demônios. Logo também são ademonistas.

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