Outro dia eu tropecei no site do fotógrafo americano Dan Heller. Seus retratos de Cuba a partir de uma temática automotiva são tétricos e mais parecem o trabalho de um viajante do tempo.
Para muitos, os grandes e pujantes carros norte-americanos dos anos 1950 não passam hoje de objetos de recordação e símbolos da Era de Ouro da economia yankee – na verdade uma era de ostentação e desperdício incompatíveis com as atuais crises energética e econômica.
Embora Cuba tenha passado a importar carros de outros países – principalmente da Rússia –a partir dos anos 60, poucos foram os modelos euro-asiáticos que sobreviveram no tórrido e tormentoso clima da maior ilha do Caribe.
Quase a totalidade dos carros que circulam pela Cuba de hoje são, na verdade, aqueles velhos símbolos de ostentação do “inimigo”.
Por uma grande ironia do destino, a situação dos transportes na Ilha embargada e sub-industrializada só confirmou duas coisas alardeadas pela publicidade norte-americana dos anos ‘50: a durabilidade e o conforto.
Surpreendentemente, apesar do embargo, muitas “banheiras” mantém-se impecavelmente bem-conservadas.
Para muitos cubanos, esses carros velhos são uma boa fonte de renda. É facilmente possível tornar-se taxista, pegar uns turistas por aí e ganhar até 50 dólares (ou mais) por mês.
Parece pouco, mas é muito para economia falida e estagnada como a cubana, onde a média salarial não passa dos ÚS$ 25,00.
Apesar dos altos custos de manutenção – esses carros são beberrões e a gasolina é tabelada pelo equivalente a US$ 4,00 o litro – o esforço compensa. E atrai os jovens.
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