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sábado, 27 de fevereiro de 2010

Mais um passo sobre o Oceano Pacífico

O grande terremoto que atingiu hoje o Chile e pôs o litoral do Pacífico em alerta para possíveis tsunamis foi mais um passo do continente sul-americano sobre o Oceano Pacífico. Como já deve ter sido amplamente explicado na mídia, terremotos são causados por choques de grandes placas rochosas chamadas placas tectônicas. No caso do terremoto chileno foi um choque submarino entre a Placa de Nazca e a Placa Sul-americana.

Na verdade as coisas não são tão simples assim. As placas não se chocam repentinamente, como se antes estivessem afastadas. As placas tectônicas, estão, na verdade em constante contato e sempre se movimentam. Tais movimentos são lentos, coisa da ordem de alguns centímetros por ano. Apesar de as placas serem muito grandes e pesadas, mesmo esses pequenos movimentos geram grandes tensões.

Embora sejam resistentes, as rochas não podem armazenar tais tensões além de certo ponto. Assim, depois de vários anos (ou séculos) de acúmulo, a tensão é liberada na forma de ondas sísmicas — e um terremoto acontece. Se a tensão é liberada sob o mar e tiver energia suficiente para deslocar grandes volumes de água, pode haver um maremoto (tsunami).

SE SABEMOS AS CAUSAS, POR QUE NÃO DÁ PARA PREVER UM TERREMOTO?
Um dos motivos é que o estudo dos terremotos é ainda uma ciência muito recente. Apenas no início do século 20 a teoria de tectônica de placas foi proposta. Mesmo assim, como a Geologia é uma das ciências mais conservadoras de todas, a teoria tectônica só veio a ser aceita consensualmente nos anos 70 — depois do último grande terremoto chileno, que atingiu Valparaíso em 1960 com estimados 9,5 graus de intensidade.

Temos, portanto, muito pouco estudo sobre as causas exatas dos terremotos. Não sabemos dizer qual é o limite de acúmulo da tensão tectônica. Mesmo que soubéssemos, seria muito difícil medi-lo e por dois motivos. Primeiro, as áreas de encontro de placas são, naturalmente, lugares de difícil acesso, ainda mais se estiverem debaixo d’água. Segundo, os movimentos diários são tão lentos e profundos que precisaríamos de sensores muito mais precisos do que os que já temos.

Outro motivo é que esses sensores teriam de ser capazes de lançar sinais rápidos e precisos mesmo nas condições extremas que há dezenas de quilômetros abaixo do solo ou do mar — altas temperaturas e grandes pressões. E nós ainda não temos condições tecnológicas de levar tais sensores a tamanhas profundidades. A maior profundidade alcançada pelo homem é um buraco de cerca de 10km situado na Rússia. Só que, dependendo da área, isso pode ser apenas 10% da espessura da crosta terrestre. Nós sequer arranhamos a superfície terrestre.

Enquanto não conhecermos exatamente o que se passa lá em baixo, nós não seremos capazes de fazer previsões precisas, mesmo que tenhamos explicações para as causas.

sexta-feira, 26 de fevereiro de 2010

Joãozinho na catequese

O Joãozinho estava quieto na aula de catecismo naquela manhã de domingo. Tão quieto que quase dormiu. Então, num sobressalto, uma dúvida lhe atingiu como um raio. Como o Joãozinho não era bobo nem nada, fez a pergunta, afinal ele precisava de certezas e não de dúvidas:

certo
O pior é que o Joãozinho tem razão. E, não contente em criar a pornografia, deus também é pai do sadismo e do voyeurismo. E o todo-poderoso só tem feito essas sem-vergonhices desde que mudou o cenário do filme de Adão e Eva e botou todo mundo pra se foder.

quinta-feira, 25 de fevereiro de 2010

O Homem a Vapor

carregador a vapor 
Em 1868, Zadoc Dederick e Isaac Grass patentearam discretamente nos Estados Unidos a invenção acima, que foi descrita como um "aperfeiçoamento da carroça a vapor". Os detalhes são sensacionais: trata-se de um homem mecânico com pernas articuladas que poderia puxar uma carroça, desviar obstáculos com as pernas e até correr de costas, tudo movido por um motor. Evidentemente, um motor a vapor cuja caldeira situava-se nas costas do mecanismo. Um verdadeiro robô steampunk!
1868-DederickSteamMan600 
O custo da construção do "primeiro homem" foi, na época, de US$ 2.000 — equivalente a mais de 25.000 dólares em valores atualizados. O homem a vapor de 1868 era um verdadeiro gigante: tinha 2,36 metros de altura e pesava 227kg. A potência era de assombrosos três cavalos-vapor. Curiosamente, o robô a vapor foi criado pouco depois da abolição da escravatura nos Estados Unidos. Teria sido uma proposta para substituir os antigos escravos carroceiros? Os traços negróides do projeto parecem indicar que sim.

A dupla de inventores ainda pretendia construir, com base nos mesmos princípios, outros homens mecanizados e até cavalos a vapor. Os animais motorizados seriam vendidos para puxar grandes carruagens nas cidades e arados no campo. Infelizmente, porém, pouco se sabe sobre o que aconteceu com Dederick, Grass e seus homens e animais mecânicos.

segunda-feira, 22 de fevereiro de 2010

Reparos eletrônicos

Em quatro tempos:
eletrônicaIsso explica por que aquele seu técnico de eletrônica enrola tanto na hora de consertar o computador/TV/Celular/DVD.

Aliás, cadê os parafusinhos que eu tinha colocado aqui?

domingo, 21 de fevereiro de 2010

A Indústria Fonográfica e suas ameaças

Perseguida no século passado por músicos profissionais que se sentiam ameaçados, agora é a indústria fonográfica que se considera ameaçada e usa as mesmas estratégias que foram usadas contra ela. O resultado vai ser o mesmo: nenhum.

sábado, 20 de fevereiro de 2010

Harry Stephen Keeler

Harry Stephen Keeler (1890-1967) foi um contista americano que ganhou notoriedade por suas obras de mistério que geralmente eram consideradas mal-estruturadas e confusas. Por exemplo, em The Ace Spades Murder [O assassinato do ás de espada], ele só apresenta o personagem culpado na antepenúltima página. Em X. Jones of Scotland Yard, ele explica na última página que Napoleão Bonaparte é o acusado.

E seus dons vão além das tramas. Seus personagens tem nomes como Criorcan Mulqueeny, Screamo, the Clown; Scientifico Greenlimb e Foxhart Cubycheck. Ele também criou títulos como Finger, Finger! [Dedo, dedo!], The Yellow Zuri [O Zuri Amarelo], I Killed Lincoln at 10:13! [Eu matei Lincoln às 10h13!] e The Face of The Man from Saturn [A Face do Homem de Sarurno, à dir.]. Mesmo em termos de prosa pura e simples ele parece inteiramente perdido. Eis a tradução de um excerto de The Case of 16 Beans [O caso dos 16 feijões]:
A porta agora se abriu revelando, como deveria, uma estranha figura — um meio-homem, nada menos, sentado numa carroça com rodinhas! — enquadrada contra um pedaço do outro lado do corredor. Mas não era um meio-homem ordinário este, pois ele era um chinês. Aliás, um tanto perneta, até a presença do toco de perna superior. Mas era amplamente dotado de locomoção, do tipo deslizante, de alguma forma, na forma de incomumente generosas rodas emborrachadas sob a plataforma da carroça.
Hoje há até mesmo uma sociedade de apreciadores de sua obra, o que é uma sorte pois a maioria das obras de Keeler estão esgotadas. Em 1942 o New York Times escreveu sobre ele: "Somos levados à inescapável conclusão de que Mr. Keeler escreve suas novelas peculiares meramente para satisfazer sua própria urgência indisciplinada e alegria criativa."

PS: estou traduzindo um interessante conto de Keeler, chamado John Jones' Dollar. Assim que eu terminar, vou publicá-lo, só que em PDF para download (o original tem umas dez páginas e a tradução é sempre um pouco mais longa).

UPDATE (04/07): acabei de publicar o Dólar de John Jones aqui.

Pobreza

pobreza

Por que o dinheiro pode fazer você perder a noção de ridículo (e ainda achar que está ar-ra-san-do!)

sexta-feira, 19 de fevereiro de 2010

Estranhas unidades de medida

O mundo da ciência, com seu rigor matemático, é dominado por unidades de medida. Para garantir uma exatidão ainda maior, todas as unidades têm seus múltiplos e submúltiplos de dez denominados por um sistema padronizado de prefixos e sufixos. Entretanto, há algumas unidades de medida que fogem dos padrões:
  • 1.2096 segundo ≈ 1 Microquinzena
  • π segundos ≈ 1 Nanosséculo
  • 3,085 centímetros ≈ 1 attoparsec
  • 2 mm² ≈ 1 nanoacre
  • 2.263348517438173216473 milímetros ≈ 1 potrzebie (definido como a espessura do número 23 da MAD magazine.)
Além disso, após o lançamento de Jurassic Park, alguns paleontólogos começaram a medir o consumo de comida dos Tyranosaurus rex em Advogados. Segundo seus cálculos, se um advogado pesa 68 quilos, um T. rex de sangue quente deveria comer 292 Advogados por ano. Se o T. rex tivesse sangue frio, comeria 73 Advogados/ano. Como advogado é uma raça que não está em extinção, presume-se que os Tiranossauros eram animais de sangue frio.

Depois dizem que não existe Humor na Ciência.

quinta-feira, 18 de fevereiro de 2010

Os piores trevos do mundo

Ah, as autoestradas! Essas maravilhosas obras de engenharia moderna onde é possível viajar e se perder com toda a segurança! Espere! Se perder? Como assim?

Se você precisa passar de uma estrada a outra, entrar ou sair da estrada ou simplesmente fazer uma curva para a esquerda (ou direita), você pode ter que pegar um trevo. Normalmente eles não são complicados, mas quando você junta várias estradas duplicadas perto de uma cidade, os trevos podem se tornar tão enrolados quanto um prato de macarrão. E como é possível ficar tonto com tantas voltas, você vai precisar de um mapa GPS para não cair no lugar errado. Preparem seus GPS's por que a seguir, os piores trevos do mundo!

quarta-feira, 17 de fevereiro de 2010

Conto de fadas — A princesa e o sapo

Em dois atos:
conto de fadas
E a princesa morreu, feliz para sempre…

terça-feira, 16 de fevereiro de 2010

Publicidade do Futuro (1906)

A publicidade irá, no futuro, adquirir gradativamente um tom cada vez mais inteligente. Procurar-se-á influenciar a demanda com argumentos em vez de alegações, uma tendência que já aparece a cada ano. Truques baratos para chamar a atenção e os aplausos serão totalmente substituídos, como já estão sendo grandemente substituídos, por uma exposição séria. E os anúncios, em vez de serem mera repetição de bordões pouco originais se tornarão mais interessantes e informativos, de tal forma que eles serão bem-vindos e não rejeitados. Será tão suicida para um fabricante publicar alegações idiotas ou notavelmente falaciosas quanto é para o lojista dos dias de hoje procurar clientela contando mentiras para seus clientes.
— T. Baron Russell, A hundred years hence: the expectations of an optimist [Daqui a Cem Anos: as expectativas de um otimista], 1906

É difícil dizer se esta previsão há muito esquecida — talvez por tratar de algo tão corriqueiro quanto anúncios publicitários — está correta ou não. Por um lado, de uns tempos para cá, os anúncios, especialmente os vídeos publicitários, tem sido cada vez mais "interessantes e informativos". Tanto que alguns podem até ser considerados mini-programas. Entretanto, o uso de bordões repetitivos ainda não foi substituído pela força de uma argumentação honesta e os truques e efeitos especiais ainda existem, embora já não sejam assim tão baratos.

sexta-feira, 12 de fevereiro de 2010

10 lições de ceticismo em Scooby-Doo

scooby-doo-skeptic3
  1. Ceticismo pode ser divertido;
  2. Uma alegação paranormal é sempre um mistério a ser resolvido;
  3. Não importa o tamanho da loucura da alegação, alguém sempre vai acreditar nela;
  4. Ver não significa crer;
  5. Acreditar em alguma coisa não a torna verdadeira;
  6. Pessoas criam farsas por todos os motivos possíveis;
  7. Testemunhas e pesquisadores podem estar envolvidos na farsa;
  8. Falsários são geralmente motivados pelo dinheiro;
  9. Centenas de mistérios do mesmo tipo acabam sempre sendo falsos;
  10. Uma explicação baseada no mundo real é mais provável do que uma ideia sobrenatural.
Agora, para comprovar nossas lições, vamos ver um episódio de Scooby-Doo: O Dia das Bruxas de Scooby-Doo.

quarta-feira, 10 de fevereiro de 2010

Perfis Fakes

Uma das maiores obras de referência nos Estados Unidos do século XIX era a Appletons' Cyclopædia of American Biography, com seis volumes e descrições biográficas de 20.000 pessoas eminentes na história dos Estados Unidos e das Américas. A Cyclopædia foi publicada entre 1887 e 1889.

Surpreendentemente, muitos de seus personagens não são pessoas reais. Em seu zeloso trabalho para fazer perfis de cada pessoa digna de nota no Novo Mundo, a editora D. Appletons’ pagava por palavra e aceitava contribuições sem muito rigor. Suspeita-se que pelo menos 200 de suas detalhadas biografias foram simplesmente inventadas. Esse negócio de perfil fake não é assim tão novo quanto parece.

Quem fez isso? Ninguém sabe, mas curiosamente as falsas biografias são tão detalhadas quanto as de verdade. Uma investigação feita em 1937 mostrou que o escritor anônimo inventara títulos em seis línguas, tinha treinamento científico e conhecia a história e a geografia da América do Sul. Os lugares e os eventos históricos citados nas biografias fictícias eram genuinamente reais.

A minha suspeita é que tenha sido alguém com bom conhecimento e grande cultura, mas sem dinheiro. Tipo um estudante universitário.

Ainda mais surpreendente é fato de que a Cyclopædia of American Biography tenha sido republicada em 1968 por outra editora. Mas sem as devidas correções. Quem quiser tentar procurar mais biografias fakes pode baixar a obra.

sábado, 6 de fevereiro de 2010

O iPad e a Caretice de Steve Jobs

book of jobsE eis que surge agora esse tal de iPad, que não passa de um iPhone enorme e que mais parece uma versão especial do telefone para gente idosa e portadores de hipermetropia grave — será que o Steve Jobs, o mago do design elegante, está ficando gagá?

quarta-feira, 3 de fevereiro de 2010

Sacanagem

Sempre tem alguém pra te atrapalhar:
sacanagem

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