Pesquisar este blog

domingo, 24 de abril de 2011

O Peso do Nome: Einstein (parte 1)

Eduard Einstein
Eduard Einstein, a.k.a. “Tede”
Nascido em 1910, Eduard Einstein era o filho caçula de Mileva Maric com o físico — e que físico! — Albert Einstein. Apelidado de “Tede” pela mãe, Eduard parecia ter um futuro brilhante e sempre se destacou na escola. Ele se dava bem com ambos os pais (seu irmão seis anos mais velho, Hans Albert, vivia às turras com o pai). Apesar disso, a vida da família Einstein nunca foi um mar de rosas.

Casados em 1903, Mileva sonhava em formar com Albert em casal de cientistas tão bem-sucedido quanto Marie e Pierre Currie, os descobridores da radioatividade. Pouco depois do casamento, eles tiveram uma filha Lieserl. Embora os biógrafos contem que a menina tenha morrido de febre escarlatina, não há certeza sobre seu destino, já que não há qualquer atestado de óbito. Há quem afirme que a Lieserl teria sido dada para adoção, mas essa é outra história.


wedding elieva
Foto do casamento: Mileva sonhava formar uma dupla imbatível com Eintein na ciência. Foi frustrada pela vida familiar.

Porém, após a morte da menina, a família Einstein se recuperou rapidamente. Hans Albert nasceu em 1904. O ano seguinte, 1905 seria o annus mirabillis para Einstein, que escreveu quatro artigos que mudaram a História, derrubando, ao menos em parte, a Física Clássica. Tudo parecia se encaminhar às mil maravilhas. Embora buscasse ajudar o marido, Mileva não pode contribuir muito, pois sua carreira acadêmica foi interrompida pelo casamento e pela criação dos filhos. Em carta a uma amiga sérvia, Mileva contava que “nós terminamos alguns trabalhos importantes que vão tornar meu marido mundialmente famoso.”

mnee2
Albert com a mulher e o primeiro
filho (1907): A fama, a guerra e as constantes
 mudanças o tornaram ausente.
Graças à fama crescente, Albert vivia mudando-se com a família. Em 1911, foi para Praga. No ano seguinte, os Einstein voltaram para Zurique. Após o nascimento de “Tede” o casamento já dava sinais de desgaste. Pouco depois, quando Marie Currie recebeu novamente um Prêmio Nobel, em 1911, ela ficou arrasada a ponto de ser internada. Mileva sentia-se fracassada pessoal e profissionalmente e teve que chamar as irmãs para cuidar dos meninos enquanto se recuperava.

A situação piorou quando Albert aceitou se mudar para Berlim no começo de 1914. Sérvia e casada com um judeu, Mileva não se sentia segura e detestava a capital alemã. Um mês antes do início da I Guerra Mundial, ela fugiu com os filhos para Zurique, esperando que isso forçasse Albert a voltar. Ele não voltou; foi morar com a prima Elsa Einstein, com quem se casaria. Mileva nunca aceitou a situação. Buscando proteger os filhos, ela fez o possível para dificultar o divórcio. Mas foram justamente os filhos que sofreram mais com o longo processo, que só acabou em um acordo no fim da guerra: Mileva reconhecia o divórcio; em troca, Albert se comprometia a depositar qualquer Prêmio Nobel que ganhasse em uma poupança para os filhos.

Em 1919 a guerra, tanto na Europa quanto na família Einstein, estava acabada. Mas tanto a Europa quanto Mileva saíram devastadas. A situação melhorou quando Albert cumpriu sua palavra. Ele colocou todo o dinheiro do Prêmio Nobel de Física de 1921 em uma poupança para os filhos.

Mesmo separado, Einstein fazia o possível para visitar os filhos e não ser um pai ausente. Entretanto sua fama e sua origem judaica tornavam a viagem de trem de 10 horas entre Berlim e Zurique extremamente perigosa. Tudo graças à interminável crise econômica da Alemanha do pós-guerra, um campo fértil para o crescimento do antissemitismo do Partido Nacional-Socialista dos Trabalhadores Alemães. Mesmo forçada, a ausência de Einstein deixou marcas profundas nos filhos.
einst_emh
Mileva com os filhos: ela fugiu de Berlim um mês antes da Grande Guerra. Salvou a vida dos filhos,
mas não o casamento.

Hans Albert continuava um garoto teimoso e de gênio difícil; aconselhado pelo pai a se dedicar à Física Quântica, acabou estudando Engenharia Hidráulica e se casou com uma mulher mais velha. Enquanto isso, Eduard tinha a saúde frágil e o comportamento retraído. Apesar disso, “Tede” era um bom aluno; escrevia poesias e, como o pai, tocava violino. Mas seu verdadeiro sonho era estudar medicina — ele queria ser um psiquiatra freudiano. Dez anos mais tarde, Eduard concluía o colegial com um boletim repleto de notas A. O caçula de Einstein já estudava para entrar na faculdade quando, novamente, tudo mudou…

Em 1930, Eduard passou a se tornar cada vez mais melancólico e recluso, chegando até mesmo a ter pensamentos suicidas. Sua mãe procurou vários médicos antes que Albert o encaminhasse para Sigmund Freud. Mesmo o tratamento com o próprio Freud teve pouco sucesso e em 1932, Eduard foi diagnosticado com esquizofrenia. Logo em seguida, ele foi internado no Burghölzi, o hospital psiquiátrico da Universidade de Zurique. Apesar dos recursos da poupança deixada pelo ex-marido, a situação começou a apertar de novo para Mileva. Para cuidar de “Tede”, ela teve que vender duas das três casas que a família tinha. Para não perder o que sobrou, passou a última casa para o nome de Albert.

A essa altura, Einstein estava visitando os Estados Unidos com Elsa. Ele estava prestes a aceitar um cargo de professor em Princeton, mas não queria se mudar para a América. Albert prentendia passar seis meses de cada lado do Atlântico. Então, em Janeiro de 1933, foi forçado novamente a mudar seus planos. A ascenção de Adolf Hitler na Alemanha tornava quase impossível sua permanência.

Nenhum comentário:

Postar um comentário

Este espaço destina-se à ampliação das dimensões apresentadas no texto através uma discussão civilizada - o que exclui comentários que contenham ofensas pessoais ou qualquer tipo de preconceito (por cor, crença religiosa ou falta crença, gênero ou orientação sexual).

Postagens anônimas são permitidas, desde que não cometam qualquer abuso citado acima.

LinkWithin

Related Posts Plugin for WordPress, Blogger...