Hoje, 13 de maio, é o Dia do Automóvel. Mas, infelizmente, não há muito o que comemorar. O automóvel, que era um símbolo de status e independência tornou-se um vilão social e ecológico. Eis o resultado de um mundo sobre rodas. Há cem anos, em 1908, Henry Ford inovava com a fabricação em série de seu memorável e - por que não dizer - simpático Modelo T, o carro que motorizou a América.
Era o início da era dos automóveis populares. As ruas começaram a se encher, e os problemas, a aparecer. Eram comuns acidentes devidos às condições precárias de segurança, tanto dos carros quanto das vias. Mas era também uma época de heroísmo nas estradas e nas pistas de corrida - eram comuns corridas de uma cidade a outra. A maior de todas, e talvez a menos lembrada, é a Nova York-Paris, realizada em 1908. Hoje temos um automobilismo seguro, asséptico e caríssimo, dominado pelas grandes marcas e pelo interesse comercial. Os tempos românticos, de improsivos heróicos se foram há muito.
Hoje os automóveis são repletos de itens de segurança, mas os acidentes continuam a ceifar vidas. As principais causas são a imprudência do motorista, a embiagez ao volante e, no caso do Brasil, a ainda precária condição das rodovias.
Outro grande problema automotivo da atualidade é o excesso de automóveis. É um problema mundial a lentidão do trânsito nos grandes centros. No Brasil, porém, a situação se agrava pela falta de boas opções de transporte coletivo - e pela forma como este meio ainda é (mal-)visto.
Os automóveis também são listados entre os vilões responsáveis pelo aquecimento global. Com certa razão, é claro. Afinal, queimar gasolina para andar uns poucos quarteirões, como muitos fazem, é um absurdo. Há até quem diga agora que a demanda por bio-combustíveis - uma urgência tecnológica da sociedade moderna - levará o mundo à fome. Isso só é verdadeiro se usarmos alimentos e áreas destinadas ao plantio de alimentos para a obtenção de etanol. O que devíamos fazer é produzir etanol a partir de celulose - qualquer vegetal serve como matéria prima, e as plantações não precisam ser grandes áreas contínuas.
Devíamos, sobretudo, mudar a nossa matriz energética imediatamente. O hidrogênio é uma opção muito promissora: é uma fonte praticamente inesgotável (99% do Universo conhceido é hidrogênio) e não-poluente (sua queima gera apenas vapor d'água). Entretanto, o hidrogênio ainda não é comercialmente viável por falta de meios adequados para armazenamento e distribuição (o hidrogênio é um gás altamente inflamável). Eu me pergunto se esse empecilho para o hidrogênio já teria sido resolvido se não fosse o lobby (e a preguiça, o desinteresse mesmo) da indústria petrolífera.
UPDATE: A Honda lançou o FCX Clarity no fim de junho, apenas na Califórnia. No Japão o carro será lançado em setembro e não há previsão para vendas em demais mercados. A Califórnia foi escolhida como local de lançamento por dois motivos simples: já conta com uma pequena rede de postos de hidrogênio e, mais importante, tem uma das maisseverasavançadas legislações ecológicas do mundo e novos limites de emissões entram em vigor a partir de 2009.