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quarta-feira, 19 de dezembro de 2007

Transposição de Dinheiro Público

Sim, é isso mesmo: o STF aprovou hoje a retomada das obras de transposição do rio São Francisco. Quanta ingenuidade! É de uma igonorância continental achar que dois canais com centenas de quilômetros vão resolver um problema que é puramente climático. E, apesar disso, o STF, o Supremo Tribunal Brasileiro, com os mais altos magistrados da República, acreditou nessa mentira... É, a Justiça é cega, surda, muda e ignorante também.

Ora, o Sertão Nordestino é o berço do latifúndio brasileiro, e esses imensos canais não vão ajudar em nada as (quase inexistentes) pequenas propriedades. É gritantemente óbvio o fato de que só os grandes proprietários terão acesso à água.

Isso, claro, se houver água. Afinal, o calor sertanejo é implacável. Não importa quanta água seja bombeada, uma grande parte vai se evaporar rapidamente. E, além disso, o desvio tanta água assim vai, inegavelmente, afetar a qualidade de vida daqueles que moram após as estações de bombeamento. O impacto ambiental, então, seria incalculável.

E pode ser que a água nem chegue mesmo. Quem garante que essa obra não vai ser mais uma superfaturada daquelas, para fazer a festa das grandes empreiteiras? Quem garante que não teremos canais totalmente fora das especificações, para "reduções de custo"? Se a empreiteira reduzir o custo, ela devolve dinheiro para o governo? Aliás, o governo pagaria antes ou depois?

Sim, é preciso fazer todas essas perguntas. Mas o governo não está disposto a discutir. Quer que as obras comecem rápido. Por quê? Por que como sempre, essa é mais uma obra eleitoreira. Vão ser "torrados" 9 bilhões de reais... Bilhões vindos de impostos que sufocam o trabalhador (eu, você, cada um dos 180 milhões de brasileiros) durante meses... E tudo para construir uma imagem falsa, para que depois se possa falar "do governo que acabou com a seca".

Além do mais, se a construção de canais fosse realmente a solução para ambientes áridos, por que não há uma "transposição do Rio Nilo" para fertilizar o oeste do Egito? O Iraque tem dois grandes rios - o Tigre e o Eufrates - e mesmo assim é uma grande região árida. Afinal...

"Para dar ordens à natureza é preciso saber obedecer-lhe." (Francis Bacon)

E, assim, o problema não está no solo árido, está no homem que não sabe se adaptar ao ambiente que escolheu.

sábado, 15 de dezembro de 2007

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terça-feira, 11 de dezembro de 2007

Enquanto isso, em Brasília...





É, é assim mesmo: eles cantam e a gente até se cansa, mas continua dançando.

Afinal, somos o povo mais mané alegre do mundo...



sábado, 3 de novembro de 2007

Nem Israel, nem Palestina

Quem tem razão na foto acima?

O mais longo conflito da Idade Contemporânea, com quase 60 anos de períodos alternantes de “paz” e de guerra é muito mais político e territorial do que religioso. Logicamente, o fanatismo religioso tem um importante papel no conflito árabe-israelense, mas os grupos terroristas que governam ambas as nações são, essencialmente, organizações políticas que não estão dispostas a ceder um palmo de terra ao “inimigo”.

Assim sendo, será que a criação de um Estado palestino, e a manutenção de Israel, é algo praticável, quando nenhum dos dois lados está disposto a ceder e reconhecer o outro? Será que é possível a existência de dois países num território pequeno, porém populoso e que nunca foi dividido de forma justa?

A idéia de Israel – construir um muro separando os territórios – foi um retumbante fracasso. Isso por que o muro impedia que palestinos comuns, que vivem na fronteira e que dependiam economicamente dos israelenses, perdessem seu sustento econômico. Mas não impedia ataques terroristas.

É óbvio que isso geraria um desastre social. Sem empregados, a economia das cidades do lado israelense da fronteira ficou estagnada, o que gerou criticas da população local. Eles se davam bem com os palestinos até então, havia mútua dependência. Mas a relação de confiança e a relativa paz foram quebradas pelo muro e por suas consequências socioeconômicas.

Sem emprego e sem alternativas, alguns palestinos foram atraídos pelos grupos terroristas e passaram a atacar as pequenas cidades israelenses onde trabalhavam. Eles conseguiam chegar lá antes do muro e, depois dos ataques, os hebreus clamavam pelo muro ao qual se opunham até então. Pronto, o muro dividiu formalmente o território – com alguma vantagem para Israel – e fez ressurgir uma velha hostilidade que já não existia em muitas áreas da fronteira.

O exemplo do muro de Israel nos mostra também um outro fator que dificulta as relações entre os dois povos semitas: a dificuldade de ir e vir, que parte principalmente de Israel. Mesmo em áreas onde não há muro ou cerca, é difícil um palestino entrar no território de Israel, mas o oposto, um hebreu entrar em território árabe, é razoavelmente comum – tanto que há comunidades inteiras, pequenas vilas, só de israelenses, incrustadas em território palestino. Há muitos postos de controle e aduanas de Israel, mas poucos são os controlados pelos semitas árabes. Isso se deve ao fato de que Israel tem:

1) muito mais infra-estrutura que os territórios palestinos;

2) muito mais poder econômico e político, com um apoio escancarado do governo americano;

3) maior poderio militar: enquanto terroristas islâmicos usam bombas atadas ao próprio corpo, os israelenses já têm armas nucleares;

4) maior coesão interna: os palestinos, por sua vez, são muitos divididos entre si: há os que querem a via pacifica e o mútuo reconhecimento e os que querem a via bélica e a extinção de Israel.

Só o fato de Israel ter armas nucleares enquanto os palestinos não têm nenhum aliado político de peso na esfera internacional (especialmente no “Ocidente”) é algo no mínimo suspeito... Por que ninguém questiona o arsenal de Israel enquanto o suposto arsenal iraniano causa alvoroço? Ambos os lados são capazes de começar um conflito que pode pôr em risco toda a humanidade.

E tudo só por que o direito de ir e vir não é igualmente respeitado, só por causa de territorialismo... Ora, quem se mata por território são os animais irracionais. O que isso nos mostra sobre nossa situação evolutiva? Podemos nos considerar superiores? Só por que encontramos meios mais avançados (nacionalismo e bombas atômicas) para nos destruir?

A única solução razoável para um conflito tão estúpido não é a divisão, a criação de dois países, mas sim a criação de um só Estado na chamada “Terra Santa”. Todos, palestinos e israelenses seriam cidadãos de um só país. Assim, o direito de ir e vir seria respeitado. Um judeu poderia ir ao rio Jordão sem correr perigo e um árabe poderia visitar parentes no litoral sem ser humilhado pelos postos de controle que atualmente não impedem os ataques de grupos radicais. Com um regime plenamente democrático, regiões de maioria palestina, por exemplo, seriam governadas por maiorias igualmente palestinas. Nenhum grupo ficaria excluído das tomadas de decisão. O tão desejado poder seria simplesmente compartilhado. Nacionalmente, poderia haver um revezamento de poder entre grupos palestinos e israelenses a cada, digamos, quatro anos, sem direito à reeleição.

Mas nada disso foi feito até agora por que nós, humanos, ainda não aprendemos a agir de modo racional e compreensivo, a fim de facilitar — e não dificultar — nossas relações.

sexta-feira, 6 de julho de 2007

Contradições

Contradições

Renato Pincelli

“Sanguessugas”, “Furacão”, “Navalha”, “Xeque-Mate”. Nunca na História desse país houve tantos escândalos à escolha da população. Quanta variedade! São tantos os escândalos — batizados de forma quase publicitária pela Polícia Federal — que é impossível não se perder em meio às ondas de corrupção que varrem o país semanalmente.

Talvez estejamos perdidos mesmo. Já nos acostumamos tanto com essas “operações” que perdemos a vergonha na cara. Para deleite de uma população que adora se alienar diante de qualquer reality show, a Polícia Federal prende dezenas de acusados, após uma investigação que sempre acaba “vazando” para a imprensa. Mas tudo não passa de encenação, de uma peça de teatro mesmo.

Depois que a peça sai de cartaz, quando surge mais um escândalo, o Judiciário aproveita-se da distração do público e manda soltar quase todo mundo – os mais poderosos, claro, nunca ficam presos. Para nossa Justiça, as provas apresentadas na imprensa — e muitas vezes pela imprensa — não parecem ter importância alguma. Sempre se diz que não há provas contra o suspeito ou que ele pode ser solto, pois não vai atrapalhar a investigação. Parece que só há alguma chance de punição quando há o tal “segredo de Justiça”. A Polícia Federal, porém, não parece disposta a manter esse sigilo todo.

Aí dizem que a culpa é da imprensa ou “dazelite” ou que é tudo – já virou até bordão – “intriga da oposição”. Tanto o Judiciário quanto a Polícia Federal é que agem de forma errada. A Polícia Federal é quem deveria agir de modo discreto, conduzindo investigações de verdade, secretas mesmo, e não mega-operações amplamente divulgadas. Afinal, fica mais fácil esconder ou destruir provas ou mesmo fugir do país quando corruptos e/ou corruptores sabem que seu “ramo” está sendo ou será investigado.

A Justiça, por sua vez, também deveria atuar de forma diferente. Primeiro, os julgamentos deveriam ser realmente públicos. Por que será que o Brasil nunca acompanhou um julgamento ao vivo pela televisão? Nossos juízes têm medo de aparecer? Se a Justiça não é transparente, como podemos acreditar nesses homens de toga?

Além disso, sofremos de um grave problema de ordem legal: nossas leis são confusas e obscuras, prolíficas e cheias de arcaísmos. Não temos leis duras, temos leis difíceis mesmo. Quando poucos são capazes de interpretar as leis, fica fácil achar uma brecha e dar um jeitinho. Não é assim que se acaba com a impunidade que reina no país. Só que as leis são feitas pelos deputados e senadores e estes, hoje, estão mais preocupados com as defesas dos próprios interesses e não com o avanço legal do país, muito menos com a punição de seus próprios pares.

Diante de tudo isso, uma população calada... Diz-se que nunca vivemos um regime tão plenamente democrático. Será mesmo? Onde estão nossos manifestantes? Onde estão aqueles que saíram às ruas pelas eleições diretas? Onde estão os cara-pintadas? Onde foi parar a consciência do povo brasileiro? Ou será que estamos contentes com o que vemos nos jornais?

Se quisermos sair desse mar de contradições, se quisermos avançar e nos desenvolver plenamente, alguém terá que começar a agir. Qualquer um pode começar: os juízes, ao agir de forma mais transparente; a Polícia Federal ao agir de maneira mais discreta; a imprensa atuando com equilíbrio e lucidez, sem se perder em meio a tantos escândalos; os legisladores mostrando serviço, simplesmente legislando pelo bem de toda a sociedade e não apenas da própria classe ou família; o povo ao deixar de reclamar dos demais e também fazer a sua parte, tomando uma atitude, protestando, pressionando. Acima de tudo, seria imensamente melhor se todos resolvessem agir ao mesmo tempo. O Brasil ficaria agradecido e todos só teriam a ganhar.

segunda-feira, 21 de maio de 2007

Credulidade mata

Eis o que a fé irracional é capaz de fazer:

Mãe culpa "Satã" por filha queimada em microondas

A mãe do bebê que foi queimado num forno de microondas pelo próprio pai culpou o demônio, e não seu marido, pelo incidente, informa a emissora KHOU-TV, do Estado americano do Texas.

Eva Marie Mauldin disse que "Satã" forçou seu marido, Joshua Mauldin, 19 anos, a colocar o bebê no forno, porque a entidade maligna "desaprovava o esforço de Joshua para se tornar um pastor religioso". "Satã viu em meu marido uma ameaça", disse a mãe do bebê à emissora.

Um júri foi convocado para a audiência de Mauldin depois de depoimentos que indicavam que ele colocou a própria filha de dois meses de idade no microondas de um quarto de motel durante 10 ou 20 segundos.

A criança permanece hospitalizada. Ela sofreu queimaduras de terceiro grau no lado esquerdo do corpo e do rosto, informaram os policiais.

As autoridades declararam que Mauldin admitiu ter colocado a filha no microondas porque estava sob grande estresse. Mas sua mulher negou. "Ele nunca faria nada para machucá-la. Ele ama a filha."

Eva disse que espera para conseguir reencontrar a filha. Entretanto, o Serviço de Proteção Infantil trabalha para tirar a guarda da criança dos pais.

Fonte: Terra (http://noticias.terra.com.br/mundo/interna/0,,OI1631718-EI8142,00.html)

Não quero assustar ninguém, mas essa notícia nos mostra claramente o que acontece quando juntamos estresse, dependência emocional (paixão?) e falsas crenças que não se baseiam em evidência alguma. Em resumo: ela “ama” o marido mais do que a própria filha e não quer reconhecer nem a culpa dele nem a dela própria — afinal ela não fez nada para impedir isso.

sexta-feira, 11 de maio de 2007

Quer ser santo? É só pagar!

O papa, independente de quem seja, não tem qualquer autoridade moral. Afinal, quem era a autoridade por trás de guerras santas como as Cruzadas e a Inquisição? Qual foi a única autoridade religiosa que se calou diante do Holocauto promovido pela Alemanha nazista?

A visita do papa Bento XVI ao Brasil é, antes de tudo, política. Ou insinuar a excomunhão de parlamentares favoráveis ao aborto e a outros temas espinhosos para a Igreja (como o direito ao divórcio, à união civil de pessoas do mesmo sexo, ou como a educação sexual e prevenção da Aids além de pesquisas com células-tronco) não é uma atitude política? Mas o papa está bem mal-informado com relação aos nossos problemas. Nossos parlamentares não têm o menor remorso quando se fala de corrupção. Por que eles deviam ter medo da punição papal por ter idéias “heréticas”? Se fossem excomungados e como que por milagre tivessem uma boa crise de consciência eles não pensariam duas vezes: iriam às igrejas evangélicas. Se pagassem tudo direitinho, poderiam votar as leis que quisessem — aí incluídas tanto aquelas que a Igreja abomina como as que se referem aos aumentos salariais dos próprios deputados e senadores.

E a caquética Igreja Católica Apostólica Romana não perde só parlamentares inescrupulosos; perde também o povão explorado e desempregado das periferias, que fica realmente entediado com as celebrações eruditas e herméticas dos templos católicos. Sem falar que os padres e bispos — bem como a própria doutrina católica — estão em total descrédito. O clero, pelo seu comportamento reacionário, em alguns casos até intolerante. O clero também age de forma parecida com a dos parlamentares diante de um escândalo (sobretudo os sexuais): eles simplesmente negam tudo e ninguém é punido. Ou você já viu um deputado corrupto preso ou um padre pedófilo ser excomungado? Quanto à doutrina não é preciso dizer muito. Ela é simplesmente retrógrada e machista, não muito diferente do que se pregava na Idade Média. A única diferença é que hoje seria impossível, e mesmo inadmissível, promover uma nova Inquisição.

Diante disso que opções a Igreja tem? Ela pode (1) modernizar-se e rever seus conceitos, o certamente atrairia muitos jovens ou (2) pode continuar velha e ranzinza, apegada ao seu desatualizado discurso que só convence os velhos mesmo. O Vaticano já se decidiu pela segunda alternativa e fez sua escolha ao eleger o austero Bento XVI. E ele acha que vai conseguir reconquistar ex-fiéis e católicos não-praticantes com um santo brasileiro. Grande coisa. Os evangélicos não acreditam em santos e crescem vertiginosamente no Brasil. Além disso, santo hoje em dia não é lá coisa tão exclusiva assim. Segundo o Terra, por exemplo, “dos 800 santos da Igreja Católica, 493 foram canonizados nos últimos 29 anos. Só João Paulo II canonizou em 26 anos mais do que todos os outros papas juntos nos últimos 400 anos.” Isso tem ajudado a melhorar a situação da Igreja? É claro que não. Só as carolas cegas de fé, os padres pedófilos e o papa não vêem isso. Por que não lhes convém.

O Vaticano lucra com as canonizações e beatificações da vida. É muito mais rentável que o velho dízimo. Os processo de santificação custam, de acordo com o Terra, “cerca de 14 mil euros (quase R$ 38 mil), incluindo honorários de médicos, teólogos e bispos que estudam e julgam as causas.” Obviamente, esses médicos e teólogos só podem ser católicos e certamente só são formados em instituições católicas. Os processos, tais como os judiciais do Brasil, são lentos. Mesmo que a causa seja perdida, o Vaticano ainda cobra honorários — como os advogados.

E onde estão os valores morais e humanos do cristianismo, tais como a humildade e a solidariedade? Por que temos de seguir doutrinas vindas de Roma se temos livre-arbítrio? Por que a Igreja despreza os pobres aidéticos africanos, demoniza os homossexuais e dimunui o papel da mulher na sociedade?

quarta-feira, 9 de maio de 2007

Ame-o ou Deixe-o - Artigo publicado no Comércio do Jahu

Escrevi um texto na segunda e decidi enviá-lo ao jornal Comércio do Jahu. E para minha surpresa ele foi publicado hoje (09/05/2007). Se não fosse publicado estaria aqui no blog do mesmo jeito. Eis o texto integral:

Ame-o e Deixe-o

Ficar olhando para o passado não dá futuro pra ninguém. Ainda mais quando é um passado sombrio e vergonhoso.

A Alemanha, por exemplo. Após a Primeira Guerra Mundial (1914-1918), mesmo em meio às turbulências políticas e econômicas, os alemães poderiam olhar para o futuro e buscar um desenvolvimento pacífico. Mas não. Ficaram remoendo a derrota e nos deram a Segunda Guerra Mundial (1939-1945), o maior conflito de todos os tempos.

Após nova derrota, e mesmo dividida, a nação alemã aprendeu a lição: esqueceu o passado e passou a trabalhar de olho no futuro. Resultado: hoje a Alemanha está livre dos militares e é a terceira economia do planeta.

Será que nós precisaríamos de uma intervenção dos militares? Se ainda hoje vemos sem-terra e sem-tetos nos campos e nas ruas do Brasil é por que os militares intervieram para impedir as reformas de João Goulart. Aquele era o melhor momento para implantá-las. Pelo bem dos Estados Unidos — e financiados pelos norte-americanos — os militares decidiram intervir.

Não bastasse a intervenção, as Forças Armadas ainda perseguiram os opositores da “revolução” com torturas e mortes. Ninguém sabia disso por causa da censura, também imposta pelos militares. Tal censura também escondia verdadeiras farras com o dinheiro público. Como a inútil Transamazônica, por exemplo. E outras grandes rodovias também. Inúteis sim, por que a melhor forma de integrar países de dimensões continentais é através de ferrovias, não de rodovias. Vide os exemplos dos EUA, do Canadá, da Rússia e mesmo de um continente inteiro — a Europa.

Após tanta gastança, o resultado não podia ser outro. Nosso “milagre” econômico era sustentado por grandes empréstimos externos feitos antes do primeiro choque do petróleo (1973), quando os juros ainda eram baixos. Após aquela crise energética mundial, todos os preços subiram inclusive o dos empréstimos. Nosso crescimento não teve nada de milagroso, era um truque artificial que só nos trouxe a hiperinflação e uma desigualdade social cada vez mais gritante. Os únicos a ganhar com o regime militar foram os investidores estrangeiros.

Como se sabe, muitos investimentos foram feitos em infra-estrutura. Mas isso não foi garantia de um crescimento sustentado da economia brasileira. E a educação? Prioridade zero para os militares. Apenas como exemplo, cite-se o caso da Coréia do Sul. Há 50 anos, aquele país asiático estava arrasado por uma guerra ideológica causada pela intervenção estadunidense. Os sul-coreanos eram tão miseráveis quanto hoje ainda são seus irmãos do norte. Hoje a Coréia do Sul é um dos principais centros tecnológicos do mundo. Uma nação verdadeiramente desenvolvida e não uma pseudo-oitava-economia-mundial que não tem sequer uma indústria automobilística genuinamente nacional. Sem falar no uso, ainda relativamente comum no Brasil, de mão-de-obra em regime de semi-escravidão.

Felizmente, já estamos livres dos militares, mas nem tanto. Eles ainda se opõem fortemente à abertura dos arquivos referentes aos “anos de chumbo”. Eles têm medo do quê? Não agiram “apenas para botar ordem na casa”, segundo a opinião do “saudosista” Paulo Ferreira Costa Negraes (Comércio de 05/05/2007)?

Os militares insistem em manter o controle do tráfego aéreo e agora voamos de modo precário e caótico. Cadê a ordem militar. Se faltam recursos é por que os militares, em seus delírios, conseguiram convencer o Brasil de que era necessário enviar um membro da Aeronáutica pro espaço. Pagamos US$ 20 milhões por isso. Mas agora falta dinheiro para modernizar o sistema de controle do espaço aéreo. Será que vamos ter saudade disso também?

Eu também leio muito, mas sou jovem. E a leitura só nos é útil quando estamos abertos a novas idéias e não damos ouvidos a discursos reacionários que não apresentam nenhuma solução. Se somos o eterno país-do-futuro, é por que estamos presos ao passado.

Se você ama esse país, mas prefere os Estados Unidos, vá logo para a terra do Tio Sam!

Renato Pincelli


sábado, 28 de abril de 2007

Post nº 1

Este blog é um recém-chegado à blogosfera. Seu autor ainda está descobrindo esse mundo de dimensões indefinidas. Daí o nome (uma derivação do inglês hypercube, figura geométrica de quatro dimensões espaciais). A duração deste blog não está bem definida: talvez ele tenha vida curta, ou talvez venha a ter alguns leitores. Não quero ser famoso, mas tenho minhas idéias e acho que é hora de divulgá-las.

Sobre o autor
Ele é um cara tímido, de 19 anos, do interior de SP. É apaixonado por ciência, fascinado por questões de Física, Química e Astronomia (Astrologia não é ciência). É um leitor voraz e eclético, mas é também um cético. É portador de uma rara deficiência muscular, mas não é tão grave quanto ele acha. Sempre teve poucos amigos e nenhuma experiência amorosa (!!) - talvez por causa de seus interesses tão incomuns. Chega de suspense.

- Prazer, meu nome é Renato.

Não se assustem, eu também tenho interesses mais "concretos": gosto de carros, de música (quase tudo, com exceção de samba, axé, pagode e sertanejo) e de internet - não fosse por isso eu não taria aqui tentando inventar alguma coisa para esse post nº 1. É só uma tentativa mesmo. Mas talvez dê certo.

Até o próximo post.

Renato

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