Antonio Magliabechi (1633-1714) era conhecido em sua Florença natal como um glutão litarário. Sua casa vivia atulhada com 40.000 livros e 10.000 manuscritos. Mesmo assim, ele não abria mão de uma visita diária à Biblioteca dos Medici, onde passava várias horas estudando. Até por que, era lá que ele trabalhava.
Magliabechi: certamente, o pintor não foi muito fiel nesse retrato. Aliás, o único. |
Magliabechi era tão negligente que teria esquecido de sacar seu salário durante um ano inteiro. Ele achava que trocar de roupa antes de dormir era uma perda de tempo e muitas vezes vestia a mesma peça até ficar esfarrapado. Mas sua cabeça não era nada ruim. Au contraire, ela era “um index universal, tanto de títulos quanto de assuntos.” Quando o duque de Florença lhe procurou pedindo por um certo livro, ele respondeu: “Signore, há apenas um exemplar desse livro no mundo. Ele está na Biblioteca do Grão-Turco em Constantinopla; é o décimo-primeiro livro na segunda prateleira à direita de quem entra.” Dele, dizia-se que absorvia como uma esponja e memorizava como mármore.
Com uma memória tão fantástica, Magliabechi era praticamente um sistema de busca — o Google — de seu tempo. Em Curiosities of Human Nature [Curiosidades da Natureza Humana], Samuel Goodrich relata outro causo do grande bibliófilo florentino. Certa vez um padre procurou Magliabechi e lhe perguntou sobre um panegírico de um santo. “Ele era capaz de dizer imediatamente qualquer coisa sobre aquele santo, quem havia escrito sobre aquele santo, e em que partes de suas obras. Às vezes, eram centenas de autores [...] Tudo isso ele fazia com grande exatidão, nomeando cada autor, cada livro, as palavras e até mesmo o número da página na qual cada passagem citada se encontrava.”
Sempre cercado por livros, Antonio Magliabechi viveu até os 81 anos. Em seu testamento, legou sua fortuna aos pobres e pediu que seu acervo fosse transformado em uma biblioteca pública. A Magliabechiana é hoje conhecida como Biblioteca Nazionale Centrale Firenze.
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