Olhar para cima pode ser uma experiência aterradora. Especialmente se você estiver no pátio interno da Ponte Tower, em Johanesburgo. Se você levantar a cabeça lá, tudo o que vai encontrar é um pequeno pedaço do céu cercado por um enorme cilindro de 173 metros de altura coberto com janelas idênticas. É um exemplo brutal de arquitetura brutalista.
Também conhecido como Ponte City Apartaments, o edifício Ponte foi construído em 1975 e ainda é o mais alto prédio residencial da África. O tubo de 54 andares foi projetado por Manfred Hermer.
Ponte Tower foi um edifício exemplar do ponto de vista da arquitetura do apartheid. Os apartamentos externos, sempre bem arejados e bem iluminados, eram projetados para as famílias ricas e brancas. Já os obscuros apartamentos internos eram exclusividade dos empregados negros daquelas famílias.
Ironicamente, a situação ficou brutal mesmo após o fim do apartheid. O bairro de Hillbrow, outrora de alto padrão, entrou em rápido declínio. Graças à sua estrutura imponente, Ponte Tower tornou-se a verdadeira sede do crime organizado da cidade. Os pobres senhores brancos nada puderam fazer a não ser abandonar o espigão. A quebrada se tornou tão sinistra que nem os lixeiros entravam — houve épocas em que o lixo formava uma montanha de cinco andares no pátio central.
Em 2007, o edifício foi comprado por uma empresa que pretendia revitalizar a área até a Copa de 2010. Um ano depois, a crise bateu em cheio no setor imobiliário, o projeto não saiu do papel e hoje Ponte Tower está abandonado. Até o tráfico de drogas saiu de lá. Mas não pense que a área é segura: os traficantes apenas se mudaram para o antigo Sands Hotel, a poucas quadras da Torre Ponte.
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