Em 1955, o programa de rádio canadense Sergeant Preston of the Yukon anunciou que cada criança que comprasse uma caixa do cereal Quaker Oats receberia de graça uma escritura de uma polegada quadrada de terra no território de Yukon. A empresa comprou 19 acres [a medida agrária, não o Estado] perto do Rio Yukon, dividiu-a em lotes polegarinos e incluiu as escrituras — talvez igualmente pequenas — nas caixas de cereal como brinde.
No total, 21 milhões de lotes foram distribuidos dessa forma. Como nem todos os consumidores eram crianças, logo começaram a surgir pessoas dispostas a explorar as possibilidades de propriedades tão pequenas.
De acordo com Charles C. Geisler, em Property and Values [Propriedade e Valores, 2000], um dos proprietários declarou independência de seu minúsculo domínio — o que talvez a tenha tornado a menor micronação do mundo — ao passo que outro procurou doar seu título em troca da criação do menor parque nacional do planeta.
Um garoto tentou mandar quatro dentes-de-leite para cercar sua propriedade, mas isso não foi possível porque as escrituras estipulavam que cada proprietário deveria reconhecer o direito dos demais de cruzar sua polegada livremente. Além disso, é provável que cada dente ocupasse inteiramente as quatro polegadas adjacentes, que já tinham dono.
Já em Canadian Literary Landmarks [Divisas Literárias Canadenses, 1984], John Robert Colombo conta a história de um colecionador visionário (e talvez um megalômano em pequena escala) que reuniu 10.000 escrituras e pediu para fundir suas propriedades em um grande território: “seu pedido foi negado, uma vez que em lugar nenhum da Escritura de Terreno afirmava-se que as polegadas quadradas [reunidas pelo peticionário] fossem adjacentes.”
Mas quem mais trollou nessa pequena bolha imobiliária foi a própria Quacker Oats. A empresa nunca registrou oficialmente o imenso loteamento e nem pagou impostos sobre a área que comprou. Alguns anos mais tarde, aqueles 19 milhões de acres foram devolvidos para o governo canadense.
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