A pressa é inimiga da perfeição. O entusiasmo, também. Quando a velocidade da luz começou a ser medida, no fim do século XIX, não faltavam comentários entusiásticos nas jovens revistas de divulgação científica, como a francesa La Science Populaire:
A luz cruza o espaço com a prodigiosa velocidade de 6.000 léguas por segundo. (La Science Populaire, Abril de 1881)
Seis mil léguas luminosas? Isso dá cerca de 33.336 km/s, o que é pouco mais de 10% do valor atualmente aceito para a velocidade da luz (299.792 km/s). Obviamente, o erro não estava na velha légua e foi corrigido de maneira mais ou menos poética:
Um erro tipográfico caiu em nosso último número e é importante corrigi-lo: a velocidade da luz é de 76.000 léguas por hora — não 6.000. (LSP, Maio de 1881)
Opa! 76.000 léguas dá 422.256 quilômetros. Não, esse valor 40% acima do que conhecemos hoje não é um erro, por causa da falta de precisão dos equipamentos da época. Além disso, previa-se um valor de c maior do que se foi verificado realmente. Mas há outro erro na errata acima: dessa vez o valor foi apresentado corretamente, mas em léguas por hora!
Isso não passou despercebido e três meses depois, sem muito entusiasmo, a Le Science Populaire finalmente informou o valor correto da velocidade da luz:
Uma nota corrigindo um erro apareceu em nosso número 68 indicava que a velocidade da luz é de 76.000 léguas por hora. Nossos leitores corrigiram esse novo erro: a velocidade da luz é aproximadamente 76.000 léguas por segundo. (LSP, Junho de 1881)
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