Suponha que em uma única noite todas as dimensões do universo tornem-se mil vezes maiores. O mundo vai continuar bastante similar a si mesmo, se nós dermos à palavra similar o sentido que ela tem no terceiro livro de Euclides. O que antes tinha um metro de comprimento, agora medirá um quilômetro, e o que tinha um milímetro terá um metro. A cama na qual eu dormi e meu próprio corpo terão crescido na mesma proporção. Quando eu acordar na manhã seguinte, qual será a minha expressão diante de tamanha transformação? Bem, eu não devo notar absolutamente nada. A mais exata medida será incapaz de revelar qualquer coisa dessa tremenda mudança, pois as fitas métricas que eu uso terão variado na mesma e exata proporção dos objetos que eu tentar medir.— Henri Poincaré, Science and Method, 1908.
Agora imagine se isso aconteça todas as noites, ainda que a uma escala menor. De certa forma, acontece mesmo, já que o universo inteiro está se expandindo. A cada dia, crescendo à velocidade da luz, o universo se torna 25.920.000.000 de quilômetros maior. Só que como ele sempre cresce, essa diferença se torna sempre proporcionalmente menor. Assim, embora o universo cresça a cada dia, nós não percebemos nada por que, apesar de manter sempre o mesmo ritmo, ele cresce cada vez menos.
Agora o mistério é se o mesmo fenômeno ocorre em relação ao crescimento econômico. Se uma economia inteira cresce, como conseguimos avaliar tal crescimento mantendo sempre os mesmos parâmetros? Aliás, parece-me muito mais difícil medir objetivamente o crescimento econômico por que ele é sempre influenciado por vontades políticas e pela própria existência do(s) medidore(s).