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quarta-feira, 31 de agosto de 2011

Formulário de amor

“Todas as cartas de amor são ridículas”, como escreveu certa vez Fernando Pessoa, na pessoa de Álvaro de Campos. Formulários de amor, então, devem ser mais ridículos ainda, por serem burocraticamente frios em vez de serem melosos e assumidamente ridículos. 

De saco cheio com o excessivo zelo dos censores durante a I Guerra Mundial, um soldado anônimo teve a ideia da seguinte “carta de amor pré-formatada” para uso das tropas britânicas. Bastava riscar todas as palavras, com exceção das escolhidas (obviamente, foi necessário fazer algumas adaptações para a língua portuguesa):

terça-feira, 30 de agosto de 2011

Vai, Jorginho!


Em uma palavra [68]

deltiologia
s.f. ramo da filatelia dedicado ao estudo e à coleção de cartões-postais.  “A popularização do correio eletrônico e das fotomensagens levou a deltiologia à beira da extinção.” Deltiologista (ou Deltiólogo), adj. é o colecionador de cartões-postais. “Ao se aposentar, ele pretendia realizar dois velhos sonhos: ser um turista profissional e um deltiologista dedicado.” [derivado do grego δελτίον, deltion, diminutivo de δέλτος, déltos, carta].

Os filatelistas mais tradicionalistas usam o termo cartofilia (e cartófilo). Telecartofilia é o hábito de colecionar cartões telefônicos; telecartófilo é o colecionador.

segunda-feira, 29 de agosto de 2011

Antimétrica


A aritmética decimal é uma invenção dos homens para a contagem dos números e não uma propriedade do tempo, do espaço ou da matéria. Ela pertence essencialmente à manutenção da contabilidade, mas é um mero acidente das transções do comércio. A natureza não tem parcialidade pelo número 10. A tentativa de agrilhoar sua liberdade com eles [os decimais] sempre se provará abortiva. — John Quincy Adams, Secretário de Estado dos Estados Unidos, em recomendação contrária ao sistema métrico decimal, em 1821; citado em Chambers’ Edinburgh Journal, 15 de maio de 1852
Outra pérola do então secretário de Estado foi a chamada Doutrina Monroe. Filho do ex-presidente John Adams, Quincy Adams (1767-1848) foi  eleito presidente dos Estados Unidos em 1824. A eleição de Adams em 1824 foi, a seu modo, a versão oitocentista da polêmica eleição de George W. Bush (outro filho de um ex-presidente) em 2000. O vencedor, tanto no voto popular quanto no colégio eleitoral foi Andrew Jackson (1767-1845). Mas a vantagem de Jackson foi considerada insuficiente para elegê-lo e Adams foi eleito de forma indireta, pelo Congresso, no que foi considerado uma “barganha corrupta”. Porém, sem um ataque terrorista em solo americano para ajudá-lo, Quincy Adams perdeu a eleição seguinte para o próprio Andrew Jackson.

domingo, 28 de agosto de 2011

Quem sabe faz a hora




Houve uma época, no começo dos anos 1970, em que um relógio digital não saía por menos de incríveis US$ 2.000,00. Hoje em dia, com celulares e smartphones por todo lado, esses mesmos relógios já são considerados anacronismos. Menos, é claro, pelos geeks. E o que poderia ser mais geek do que fazer seu próprio relógio digital?

sábado, 27 de agosto de 2011

Patentes patéticas (nº. 22)

Você é daqueles que acha que ter cães e gatos é comum demais e por isso tem uma cobra? Como você leva seu réptil pra passear? Mantê-la enrolada pelo corpo pode ser cool, mas da mesma forma que cães mordem seus donos e gatos arranham-nos, lembre-se que você pode acabar estrangulado sem mais nem menos pela sua adorável cobrinha... 

Usar uma coleira poderia ser mais seguro — mas será possível fazer uma coleira para uma criatura desprovida de saliências e que é toda pescoço? O inventor californiano Donald Robert Martin Boys provou que sim, é possível. Ou pelo menos é o que pensa o U.S. Patent Office, que em 10 de dezembro de 2002 emitiu a patente nº. 6.490.999 para um “Aparelho de coleira que permite o manuseio seguro de uma cobra por meio de uma corrente”. Explica-se:
Coleiras animais padronizadas, como as projetadas para cães e gatos bem como para outros animais com pernas não se prestam ao estilo corporal de uma cobra porque a cobra não tem qualquer apêndice externo. [...] O movimento sinuoso de uma cobra, combinado com a capacidade de alterar o diâmetro de sua circunferência permite-lhe atravessar e escapar de qualquer freio anular como uma coleira de pescoço.

A coleira de cobra de Mr. Boys inclui um “dispositivo de neutralização do movimento sinuoso” (nº. 101, na ilustração) para evitar as fugas e permitir que você (nº. 402) saia tranquilamente para dar uma voltinha no parque com a sua serpente (nº. 301). “Um réptil que recebe mais luz do sol”, explica a patente, em tom acaciano, “terá uma melhor condição dermatológica do que aquele que é mantido no escuro.”

sexta-feira, 26 de agosto de 2011

Teste do Frasômetro


A sentença Strč prst skrz krk [áudio], que em checo significa “enfiar o dedo através da garganta”, não tem nenhuma vogal. Por isso mesmo, é um trava-línguas.

Mas, mesmo para os checófonos (neolog., falantes de checo) dizer Strč prst skrz krk em claro e bom som é algo tão difícil que não é um simples desafio, uma mera brincadeira de criança. A frase é usada pela polícia como teste de sobriedade dos motoristas. 

Bem, isso não deixa de ser bastante bastante apropriado: é mais fácil Strč prst skrz krk depois de tomar umas vodcas a mais (e gorfar) do que dizer isso.

quinta-feira, 25 de agosto de 2011

Pelos poderes de bacon!

30 de maio, 1811. Os operários — ao remover os escombros de parte de um penhasco que desabou perto do Castelo de Dover há alguns meses, matando uma mulher e seus filhos (cujos corpos foram encontrados no dia seguinte) — descobriram um porco que foi soterrado ao mesmo tempo e que supostamente havia perecido. Mas, estranho como possa parecer, ele foi encontrado vivo, passados exatos cinco meses e nove dias desde o acidente. Naquela época, o animal pesava 140 libras [63,5 kg]; quando foi encontrado, havia perdido cerca de 30 libras [13,6 kg], mas passava bem. — National Register, 2 de junho de 1811
Ah, — que pena que já não se escreve mais como antigamente (e que as pessoas de hoje comumente se percam em frases tão longas como essa) — como eu adoro essa linguagem cheia de interpolações!

quarta-feira, 24 de agosto de 2011

99, 100 e contando...


Nomes dos Elementos 99 e 100
Dois grandes cientistas que faleceram durante o último ano, Albert Einstein e Enrico Fermi, foram homenageados com o batismo dos elementos 99 einsteinium e 100 fermium. O símbolo para einstenium é um simples E e o do fermium, Fm. Agora todos os elementos descobertos foram nomeados, uma vez que o 101 já havia sido chamado mendelevium, em memória do russo D. Mendeleev, que anunciou o sistema periódico dos elementos em 1869. — Popular Mechanics, dezembro de 1955
Apenas uma correção. O símbolo do elemento que homenageia Einstein acabou sendo Es e não E. Por razões um tanto óbvias: E já é tradicionalmente usado para representar Energia em Física e Química, como na famosa equação da relatividade (E=mc²). 

Outras curiosidades sobre o Es: 1) junto com o Férmio, ele foi descoberto pela primeira vez na explosão da primeira bomba de hidrogênio, em 1952. Isso não deixa de ser um tanto irônico, já que Einstein se opôs ao uso de armas atômicas em seus últimos anos. 2) O einstênio foi o último elemento sintético a ser descoberto em quantidades macroscópicas, isto é, visíveis.

Ah, e se você anda meio por fora, atualmente a tabela periódica tem 118 elementos, dos quais 112 já foram nomeados. O último a receber um nome foi o Copernício.

terça-feira, 23 de agosto de 2011

Twaintadas #05: Medo da morte


“...bilhões e bilhões de anos...” #saganfeelings

Em uma palavra [67]

undíflavo
adj. dotado de cabelos ondulados e de cor clara; aquele que tem “cabelo-de-anjo”. “Ela estava perdidamente apaixonada pelo garoto undíflavo.” [do latim unda = onda + flavus = louro]

Para alguém de cabelo moreno e encaracolado, o equivalente poderia ser undíbruno, derivado do latim bruno = escuro.

segunda-feira, 22 de agosto de 2011

Superstições made in USA

Embora hoje seja o dia do folclore apenas no Brasil, apresentamos a seguir algumas supertições americanas, coletadas pela folclorista Fanny D. Bergen em 1896 e publicadas no mesmo ano no livro Current Superstitions, Collected from the Oral Tradition of English Speaking Folk [Supertições Correntes, Coletadas da Tradição Oral de Pessoas que falam Inglês]:
  • Se você espirrar de boca cheia durante uma refeição, um conhecido morrerá logo. (Virginia)
  • Se o seu sapato se desamarrar, seu amor estará falando de você. (Alabama)
  • Sonhar com pão é sinal de boa sorte. (Boston)
  • Se derrubar o pano de prato, terá companhia. (Pensilvânia)
  • Se passar um bebê por uma janela, ele nunca vai crescer. (Carolina do Sul)
  • Covinhas no rosto, demônio no corpo. (Maryland)
  • Se você for dama de honra por três vezes, nunca vai ser noiva. (Nova York)

E direto de Portland, no Maine, uma quadrinha (devidamente traduzida a seguir):
Beware of that man,
Be he friend or brother,
Whose hair is one color
And moustache another.
Tome cuidado com o homem
Seja ele amigo ou irmão
Cujo cabelo é de uma cor
E o bigode de cor não.
Para os interessados, o livro de Miss Bergen já está em domínio público e pode ser baixado no Projeto Gutenberg.

domingo, 21 de agosto de 2011

Láadan, a língua das mulheres


Após receber seu Ph.D. em linguística, Suzette Haden Elgin inventou a língua Láadan para um romance de ficção científica. Em termos literários, isso já não é novidade: das línguas élficas de O Senhor dos Anéis ao Klingon de Star Trek, dezenas de idiomas foram inventados na ficção moderna. Mas o que torna a Láadan única é que ela é uma linguagem feminina, por assim dizer. Foi criada especialmente para expressar as percepções das mulheres. Eis alguns vocábulos de Láadan, que, aliás, é autodefinida como a “linguagem da percepção”:

sábado, 20 de agosto de 2011

TrES-2b, o Planeta Negão

Concepção artística de TrES-2b, o planeta mais rubro-negro conhecido

Tente imaginar alguma coisa mais preta (ou negra ou afro-descendente) que carvão. Agora tente imaginar um planeta inteiro dessa cor. Foi exatamente isso que o telescópio espacial Kepler descobriu na semana passada.

Distante apenas 5 milhões de quilômetros de sua estrela-mãe, TrES-2 — e a 750 anos-luz da Terra —, o gigante gasoso chamado TrES-2b arde a cerca de 980ºC. Apesar disso, aquele mundo imenso e infernal aparentemente não reflete quase nenhuma luz que recebe.

David Kipping, líder da equipe que descobriu o planeta negão confirma: “é menos refetivo que o carvão ou mesmo a mais negra tinta acrílica — de longe o planeta mais obscuro já descoberto”. Kipping, astrônomo do Harvard-Smithsonian Center for Astrophysics, em Cambridge, Massachussets dá uma ideia da aparência do TrES-2b: “Se pudéssemos vê-lo de perto, ele pareceria uma bola de gás quase preta, com uma tênue faixa vermelha brilhante — um verdadeiro exotismo entre os exoplanetas.”

Patentes patéticas (nº. 21)


Parece ser um mouse para cegos, com botões em braille — mas não é! Ou talvez seja um rato massagista — é quase isso! É um mouse “para terapia eletrônica”, ou seja, para fazer acumpuntura enquanto você trabalha procrastina na interwebz.

Patenteado nos Esatdos Unidos sob número 6.847.846 em 25 de janeiro de 2005, esse periférico foi criado para supostamente curar seu usuário pela “aplicação dos antigos princípios chineses da acumpuntura”. É um exemplo típico de progresso conservador. Conservador mesmo, pois apesar de contar com uma roda e conexão USB, o dispositivo não é ótico!

A cura vem não pelas agulhadas, mas por algo mais moderno: “um forte pulso de corrente elétrica” proveniente do computador e aplicada em pontos de acumpuntura na mão do usuário. Se preferir, é possível estimular outros pontos de acumpuntura no corpo através das extensões (nº. 17). Parece perfeito para você que é um navegador masoquista — ou talvez seja o equipamento ideal para empresas que odeiam a internet.

sexta-feira, 19 de agosto de 2011

Bagunça Imobiliária


Em qualquer grande metrópole do mundo, fazer uma mudança pode ser uma provação. Mas em Nova York, a situação já foi pior ainda. Houve época em que todos os aluguéis da Big Apple expiravam às 9 da manhã do dia 1º. de maio, obrigando milhares de pessoas a se transferir simultaneamente para uma nova residência. Davy Crockett visitou NY em 1834 e testemunhou a balbúrdia:

No momento em que retornávamos da Broadway, pareceu-me que a cidade inteira estava sendo evacuada por alguma calamidade terrível. “Por que, Coronel”, perguntei, “que raios é o problema? Todo mundo parece estar deitando fora sua mobília e empacotando-a.” Ele riu, e disse que aquilo era o “dia de mudança” geral. Ninguém jamais viu nada parecido, a não ser que tenha sido na mesma cidade. Parecia uma espécie de brincadeira, como se eles estivessem se mudando apenas por diversão. Todas as ruas estavam cheias de carroças, carrinhos-de-mão e pessoas. Assim vai o mundo. Para mim seria um negócio difícil me tirar de minha cabana. Mas aqui, pelo que percebo, muitas pessoas “movem-se” todos os anos.

Sobre o inusitado hábito imobiliário dos nova-iorquinos, o jornalista Luke Grant escreveu em 1909: “Há dúvidas sobre se os proprietários fazem os aluguéis de acordo com os hábitos do povo ou se os hábitos são um resultado dos aluguéis. Mas não há dúvidas de que o costume cria transtornos para todos os envolvidos.” Apesar disso, a tradição, que remontava aos tempos coloniais, continuaria até a Segunda Guerra Mundial, quando acabou. Por falta de homens.

quinta-feira, 18 de agosto de 2011

O Paradoxo de São Petersburgo

Vamos jogar um joguinho bastante simples. Você lança uma moeda e se sair cara, eu te dou R$ 1,00. Se sair cara de novo, eu te pago R$ 2,00 e se o resultado se repetir novamente, eu dobro o valor para 4 reais, depois 8 e assim por diante. Quando sair coroa, o jogo acaba e você pode ficar com o que já ganhou.

Mas como eu não sou bobo de assumir o risco de te dar um real à toa, eu cobro ingressos dos jogadores. Porém, qual seria um valor justo para cobrir meus custos? Surpreendentemente, parece que eu deveria cobrar uma quantidade infinita de dinheiro. Acontece que a cada novo lance, sua chance de sucesso é 1/2, mas seu possível prêmio dobra. Assim, o prêmio total que você pode esperar — a soma dos prêmios multiplicados pela chance de serem ganhos — é infinito:

P = (1/2 × 1) + (1/4 × 2) + (1/8 × 4) + … = ∞

Nicholas Bernoulli (1695-1726) foi o primeiro a descrever esse problema em 1713, junto com o primo Daniel Bernoulli (1700-1782). Em 1724, quando Nicholas passou uma temporada em São Petersburgo, apresentou o problema ao czar Pedro, o Grande (1672-1725), que o batizou com o nome da capital de seu império. 

Uma possível solução é que esse jogo ignora a psicologia humana e a condição social dos jogadores. Nós estamos considerando apenas o valor monetário do prêmio como algo maior do que o valor que a vitória tem para nós. E ouro vale mais para um miserável sem-teto do que para um bilionário.

Uma vez que acumulamos certa soma, o apelo para obter uma riqueza maior começa a diminuir. Mesmo que não percamos nada, as chances de ganhar são cada vez menores e assim vamos parando de arriscar. A não ser, é claro, que você seja desses que pensam que quanto mais dinheiro melhor, mesmo que não possa (ou nem queira) gastá-lo.

“Os matemáticos”, segundo Gabriel Cramer (1704-1752), “estimam o dinheiro em relação à sua quantidade e os homens de bom-senso em proporção ao uso que podem fazer dele.”

quarta-feira, 17 de agosto de 2011

Auto-atendimento bancário (1938)

Se você acha que a sociedade moderna já é excessivamente sedentária e dependente dos automóveis, a coisa poderia ser bem pior se essa ideia de “auto-atendimento” tivesse decolado:


Banco oferece serviço drive-in
Para responder às necessidades e à conveniência de seus clientes motorizados, o Security-First National Bank de Los Angeles construiu uma agência drive-in. Neste banco, o cliente entra com seu carro através de uma pista especial, ao longo da qual há janelas onde ele pode completar suas transações. Após encerrá-las, o cliente retira-se através de uma saída especial. — Modern Mechanix, Setembro de 1938

Se uma fila de banco já é ruim, imagine uma fila de banco com centenas de metros de comprimento queimando gasolina...

terça-feira, 16 de agosto de 2011

Em uma palavra [66]

gefirofobia
s.f. medo mórbido de atravessar pontes. Gefirofóbico, adj., aquele que tem esse medo. [do grego gephyra = ponte + phobos = medo]

Talvez essa fobia seja consequência de uma depontificação traumática...

segunda-feira, 15 de agosto de 2011

Problem?


domingo, 14 de agosto de 2011

O Mistério da Cegueira Homérica


Em 1858, William Ewart Gladstone percebeu algo peculiar em Homero: as cores relatadas em suas obras parecem estranhas demais. Tanto o gado quanto o mar, por exemplo, são descritos como tendo a cor do vinho. As ovelhas são “violetas”, o mel é “verde” e, embora seja descrito como estrelado, amplo, grande, de ferro e de cobre, o céu nunca é azul. Gladstone conjecturou que “o órgão da cor e suas impressões eram apenas parcialmente desenvolvidos entre os gregos do período homérico”.

É uma hipótese bastante interessante, mas é igualmente improvável — afinal, como provar que uma população, quiçá a humanidade inteira foi daltônica em certa época? William Gladstone (1809-1898) pode ter sido facilmente enganado pela noção da Terra jovem, i.e., a teoria de que o planeta (e tudo que nele existe) tem mais ou menos seis mil anos. Mesmo que não fosse criacionista, o futuro premiê do Reino Unido por quatro vezes deve ter pensado que os homens de poucos milênios atrás eram tão primitivos que mal distinguiriam as cores.

sábado, 13 de agosto de 2011

Patentes Patéticas (nº. 20)




Precisa viajar, mas não quer abandonar seus bichinhos de estimação ou não tem quem cuide dos seus pets? Uma invenção patenteada por Brice Belisle em 1997 pode te ajudar — e de maneira bastante estilosa!

No pedido de patente, Belisle faz uma descrição bastante simples e direta: “A invenção trata-se de uma vestimenta para transportar e exibir pequenos animais enquanto é usada por uma pessoa.”

O “traje de exibição de pets” pode acomodar ratos, hamsters, gerbilos, cobras ou “possivelmente até mesmo insetos”. No verão, você pode levar seus peixinhos para passear. Mas e a sujeira? Belisle também pensou nisso: “Os dejetos fluidos tendem a gravitar para o bolso [nº. 14]” que podem ser equipados com uma pequena torneira para eliminar o pipi dos seus animaizinhos. Os resíduos sólidos talvez fiquem no outro bolso [nº. 13?].

Assim, você pode visitar seus amigos, ir para a faculdade ou simplesmente dar um rolê por aí — e sem matar o estilo (e muito menos os animais): “O colete pode ser provido de mangas para formar um casaco ou jaqueta e ser extendido para formar um sobretudo.”

sexta-feira, 12 de agosto de 2011

Michelangelo #LikeABoss


Às vezes, até um gênio como Michelangelo tem que lidar com a idiotice de um chefe:
Eu não posso omitir uma história um tanto infantil que Vasari conta sobre o David. Após ele ter sido colocado em seu pedestal diante do palácio, e enquanto o andaime ainda estava lá, Piero Soderini, que amava e admirava Michelangelo disse-lhe que achava que o nariz era muito largo. O escultor imediatamente correu escada acima até alcançar a altura dos ombros do gigante. Ele, então, pegou seu martelo, seu cinzel e, soprando um pouco de pó de mármore que levara na palma da mão, fingia trabalhar uma porção do nariz. Na verdade, ele o deixou como o havia encontrado. Mas Solderini, vendo o pó de mármore espalhado pelo ar, pensou que sua dica havia sido aceita. Assim, quando Michelangelo virou-se para ele lá de cima e disse “Veja só!”, Solderini respondeu gritando “Eu me sinto muito agradecido com isso. Você deu vida à estátua.” – John Addington Symonds, The Life of Michelangelo Buonarroti, 1893
E eu, da minha parte, não posso omitir um vídeo um tanto pitonesco, que talvez seja baseado nessa anedota:

quinta-feira, 11 de agosto de 2011

Dead-line (literalmente)


Em seus primeiros dias como repórter no Columbus Dispatch, onde trabalhou entre 1921 e 1924, o futuro escritor e cartunista americano James Thurber (1894-1961) recebeu um importante conselho de seu editor: “escreva leads dramáticos para suas matérias.”

Com o conselho em mente, Thurber escreveu a seguinte introdução para um caso de assassinato: “Morto. Assim estava o homem quando o encontraram com uma faca nas costas às 4 da tarde em frente ao Riley’s Saloon na esquina das ruas 52 e 12.”

Jornalismo literário é para os fracos.

quarta-feira, 10 de agosto de 2011

O paradoxo do corte de custos

Esse paradoxo é especialmente dedicado a todos os economistas ortodoxos que acham que cortes de custos são um sempre um santo remédio, mas que não veem problema algum na origem de todas as crises — a jogatina irracional e histérica das bolsas de valores.
Eu estou apaixonado pelo paradoxo do empresário que devo a Lisa Collier: O presidente de certa companhia ofereceu uma recompensa de $ 100 para qualquer empregado que apresentasse uma sugestão sobre como a empresa poderia economizar dinheiro. Sugestão de um empregado: “Eliminar a recompensa”. — Raymond Smullyan

Taí um exemplo típico de presidente que não merece nem os bônus nem o alto salário que recebe. Mas como cortar na própria carne é sempre difícil, quem acabou cortado deve ter sido o funcionário que demonstrou mais sagacidade que o patrão. It's a trap! 

terça-feira, 9 de agosto de 2011

Em uma palavra [65]

gimnocéfalo
adj. 1. Zoolog. animal ou ave que tem a cabeça desprovida de pelos ou penas. “O urubu é um pássaro gimnocéfalo”; 2. por extensão, pessoa calva ou careca. “Careca não, sou gimnocéfalo!” [do grego gymnós = nu + kephalé = cabeça]

segunda-feira, 8 de agosto de 2011

Físico Felino


Quando terminou de datilografar o manuscrito (peraí, não seria datilografar a datilografia?) de um artigo, o físico J. H. Hetherington percebeu que havia cometido um pequeno deslize estilístico. Tudo estava escrito na primeira pessoa do plural. O problema é que, muito apropriadamente, a revista Physical Review Letters não aceita papers de um único autor redigidos com nós — nem mesmo em casos de plural de modéstia.

Naquela época, no começo dos anos 1970, ainda não existiam PCs, nem editores de texto, muito menos revisores eletrônicos ou comandos “localizar se substituir”. Por isso Hetherington não queria escrever tudo de novo. Então, ele teve uma ideia: por que não adicionar um segundo autor? E, já que ninguém precisaria conhecê-lo, por que não poderia ser seu próprio gato? Assim, o físico adicionou F. D. C. Willard (“Felis Domesticus Chester Willard”) como seu co-autor.

Até onde se sabe, Chester é o único gato que já publicou uma pesquisa sobre física de baixas temperaturas.

domingo, 7 de agosto de 2011

Mini-Holmes


Com apenas 503 palavras (em inglês e 469 nesta tradução que eu fiz), o conto a seguir é a mais curta história de Sherlock Holmes escrita por Arthur Conan Doyle (1859-1930). O miniconto foi feito para ser publicado em um minilivro de 1,5 polegada [3,81 cm] de altura e que seria parte da biblioteca de uma casa de bonecas da Rainha Mary (1867-1953), esposa de George V (1865-1936, regnabat 1910-1936):

sábado, 6 de agosto de 2011

Patentes Patéticas (nº. 19)

Em 1925, William Huffman patenteou um “balão para saltos” que poderia elevar seu usuário por alguns poucos metros. Na patente, Huffman profetizou o surgimento de um admirável mundo novo com sua invenção:

O balão é particularmente útil para pular sobre obstáculos naturais ou artificiais, como edifícios, árvores, rios, precipícios, e coisas assim; é um conveniente meio de obter rapidamente uma altitude considerável para fotografias e observações; é um meio conveniente e seguro para treinar aterissagens de pára-quedas e dar lições preliminares para estudantes de balonismo; é um modo conveniente de subir ágil e facilmente ao topo de árvores ou casas para inspecioná-los.

Usos não faltavam, mas o balão de Huffman acabou sendo usado em algo que seu inventor não havia planejado. Sem querer forçar o trocadilho, mas já forçando, essa patente patética literalmente decolou: houve uma verdadeira modinha de saltos com balões nos Estados Unidos do fim dos anos 1920. Até a revista Time dava instruções sobre o novo esporte aéreo: “Ande sobre o solo com o vento a seu favor, aproxime-se de uma cerca, dobre seus joelhos e pule levemente para o alto quando sentir o empuxo do balão. Você velejará sobre a cerca tão facilmente e aterrissará tão gentilmente que irá ficar surpreso.”

Alguns fãs parecem ter mesmo ficado com a cabeça nas nuvens. “Todas as casas legislativas” — alertava Frederick S. Hoppin, um entusiasta do invento de Huffman — “ficarão bastante ocupadas tentando aprovar leis proibindo as pessoas de deixar a terra tão facilmente ou regras para o lado certo de subir ou descer nas calçadas. E depois teremos toda uma nova etiqueta: você deveria ultrapassar uma dama por baixo ou pelo lado?”

quinta-feira, 4 de agosto de 2011

“Os combustíveis do futuro” (1889)

Com a perspectiva de o carvão se tornar tão raro quanto o próprio dodô, o mundo, dizem-nos os cientistas, poderá vir a olhar com complacência a falha de nossas reservas de carbono ordinário. Os gases e óleos naturais [petróleos] do mundo irão abastecer a raça humana com material combustível por incontáveis eras — esta é, pelo menos, a opinião daqueles que estão mais bem-informados sobre o assunto. — Glasgow Herald, citado no suplemento nº. 717 da Scientific American, 28 de setembro de 1889
E, como sempre, os otimistas “mais bem-informados” se mostraram errados. O então recém-inventado automóvel e o aeroplano então em gestação devorariam (quase) todas aquelas reservas de petróleo e gás suficientes para “incontáveis eras” em pouco mais de um século.  O carvão, porém, continua firme e forte — e, embora não seja muito ecológica, a versão vegetal é renovável.

quarta-feira, 3 de agosto de 2011

Algumas coisas nunca mudam

Eis uma descoberta arqueológica sensacional (para não dizer fofa):

Este é um pedaço de casca de bétula com algumas incrições. Foi localizado na Rússia em 1951 e data do século XII. Não é nenhum documento histórico importante, mas, para estudantes de todo mundo tem um valor sentimental inestimável. Ou pelo menos deveria ter. 

Trata-se de uma das primeiras lições de escrita de um menino de 6 anos chamado Onfim. Mas seu valor não está naquelas letras (para nós estranhas) ainda inseguras e improvisadas e sim naquelas figuras humanas rabiscadas no meio do fragmento.

O menino Onfim não foi o primeiro, nem o único garoto a ficar desenhando entediado durante uma aula. Quase um milênio depois, nós ainda somos capazes de entendê-lo perfeitamente pois continuamos a fazer a mesma coisa...

terça-feira, 2 de agosto de 2011

Em uma palavra [64]

ileísmo
s.m. o uso, muitas vezes impróprio ou afetado, da terceira pessoa do singular (ele) ou do próprio nome em lugar da primeira pessoa do singular (eu). “Dalí é imortal e não morrerá” (Salvador Dalí). Ileísta, adj. aquele que pratica ileísmo. [do latim ille = ele + -ismo, como em egoísmo]

Outros ileístas famosos são: Júlio César, Charles de Gaulle, Paulo Maluf, Anthony Garotinho e Bob Dole na política e Pelé e Maradona no esporte. Na ficção, o Sr. Miyagi, em Karate Kid (ocasionalmente), Elmo, em Vila Sésamo, Hulk e Dr. Doom, personagens da Marvel, Lord Voldemort, em Harry Potter e Gollum, em O Senhor dos Anéis.

segunda-feira, 1 de agosto de 2011

Confirmado: deus está em baixa

Deus: um declínio
Uma agência de pesquisas americana, a Public Policy Polling cansou-se de fazer sondagens populares sobre os políticos e, durante uma enquete sobre diversas figuras em evidência na mídia, finalmente fez a grande pergunta: “Se Deus existe, você aprova ou desaprova sua atuação?” Realizada entre 15 e 17 de julho, a pesquisa revelou que 52% dos 928 entrevistados aprovam a atuação de Deus. 40% estão indecisos e 8% o desaprovam. A margem de erro é 3,2 pontos percentuais, para mais ou para menos.

Alguns aspectos do divino governo também foram pesquisados. Questionados sobre a performance de Deus na criação do Universo, 71% aprovam; 5% desaprovam e 24% não souberam opinar. Entretanto, quanto mais se aproximam do mundo humano, mais cai a aprovação para as ações de Deus: só 56% aprovam o modo como o Todo-Poderoso cuida do reino animal e apenas metade do público aprova a atuação do Criador quanto aos desastres naturais. Infelizmente, porém, não foram feitas perguntas sobre as ações de Deus diante de problemas que afetam diretamente os humanos, como fome, miséria, violência, guerras (inclusive as santas) e segunda-feiras. Sem surpresa, os jovens entre 18 e 29 anos são mais críticos com relação a Deus; os maiores de 65 são os que mais o aprovam.

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